quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Foi vestido de Vaqueiro /Que mostrou-se um nordestino



I
Gonzaga virou poeta
Desse povo sertanejo
Identidade que vejo
Ele traçou essa meta
Meu sertanejo é esteta
Palmilhou grande destino
Do sertão um paladino
Ao mostrou-se por inteiro
Foi vestido de vaqueiro
Que mostrou-se um nordestino
II
O vaqueiro desta terra
Simbolizando o sertão
De bucólica visão
Grande beleza encerra
Onde cangaço foi guerra
Do Capitão Virgulino
Gonzaga que ilumino
Na lide de sanfoneiro
Foi vestido de vaqueiro
Que mostrou-se um nordestino
III
Tocava coisas da moda
O tango, a polca, a valsa
Novo patamar que alça
Botou o baião na roda
Gonzaga que não se poda
Decidiu ser genuíno
Pra vestir-se teve o tino
Foi no Rio de Janeiro
Foi vestido de vaqueiro
Que mostrou-se um nordestino
IV
Lá um gaúcho tocando
A caráter bem trajado
Gonzaga que foi tocado
Viu aquilo se inspirando
Decidiu foi transformando
Foi sagaz sabido e fino
De vaqueiro o figurino
Do seu sertão tão brejeiro
Foi vestido de vaqueiro
Que mostrou-se um nordestino
V
Gibão, chapéu e perneira
Peitoral luvas também
O vaqueiro vai além
Vegetação catingueira
Derruba boi na esteira
Depois de ouvir seu sino
Como Gonzaga menino
Avistou no seu terreiro
Foi vestido de vaqueiro
Que mostrou-se um nordestino
VI
Luiz com a indumentária
Cantou aboio dolente
Do sertão de sol tão quente
Nesta saga hereditária
Trilhando vereda vária
Enfrentou mundo ferino
Foi um sol brilhando a pino
Grande artista brasileiro
Foi vestido de vaqueiro
Que mostrou-se um nordestino
VII
Escolheu assim tal veste
Simbolizando o torrão
Envergando seu gibão
Pra conquistar o sudeste
Representando o Nordeste
Qual vaqueiro peregrino
Com ele vou e combino
Sua canção um luzeiro
Foi vestido de vaqueiro
Que mostrou-se um nordestino
VIII
As toadas sertanejas
As vozes da Natureza
O sertão tanta beleza
As vaquejadas pelejas
As violas benfazejas
O seu canto um nobre hino
Para nós um grande ensino
Do ethos mais verdadeiro
Foi vestido de vaqueiro
Que mostrou-se um nordestino
IX
Ao falar das vaquejadas
De toda lida com gado
Identidade e legado
Nessas canções consagradas
Suas musicais estradas
Nele todo dom divino
Ao versejar determino
Festejar tal pioneiro
Foi vestido de vaqueiro
Que mostrou-se um nordestino
X
O vaqueiro simboliza
Toda alma deste povo
No presente é canto novo
Cantou de forma precisa
De gibão se eterniza
Continuo e não termino
Ao exaltá-lo culmino
Ao festejar tal guerreiro
Foi vestido de vaqueiro
Que mostrou-se um nordestino
XI
Aboiando nas jornadas
Ele mostrou no seu canto
O sertanejo acalanto
Do tangedor das boiadas
Com suas mão calejadas
Por um sertão severino
O vaqueiro que defino
Qual popular cavaleiro
Foi vestido de vaqueiro
Que mostrou-se um nordestino
XII
Gonzaga sua verdade
De vaqueiro se vestiu
Mostrando para o Brasil
A nossa diversidade
Cultural identidade
Toadas de um tangerino
Montado num ser eqüino
O seu fiel companheiro
Foi vestido de vaqueiro
Que mostrou-se um nordestino
XIII
Gonzagão com a vestimenta
Indumentária faceira
De sua gente guerreira
Ele assim se apresenta
Mil barreiras arrebenta
Lá pelo torrão sulino
O que mais eu imagino
Desse bravo tarefeiro
Foi vestido de vaqueiro
Que mostrou-se um nordestino
XIV
Mostrou-se de alma inteira
As cores de sua gente
A nordestina vertente
A alma tão brasileira
Com a verve costumeira
Contando causos ladino
Falo mais do que atino
Do seu humor tão matreiro
Foi vestido de vaqueiro
Que mostrou-se um nordestino
XV
Ao vestir-se desta forma
Abriu leques para o mundo
Todo orgulho e profundo
Com a vestimenta informa
Com seu canto que transforma
De onde seu verso eu rumino
Com seu canto me afino
Todo seu cancioneiro
Foi vestido de vaqueiro
Que mostrou-se um nordestino
XVI
Gonzaga foi no plural
Sintetizou a cultura
Na sua vertente pura
Vestimenta original
Do vaqueiro fraternal
O seu gesto que eu assino
Nordeste de Vitalino
Foi embaixador primeiro
Foi vestido de vaqueiro
Que mostrou-se um nordestino

Um comentário:

Carlos Eduardo disse...

Muito bom Poeta... estes versos sempre me emocionam! Obrigado!