sábado, 13 de fevereiro de 2010

SONETO MASTURBATÓRIO

De há muito que eu venho procurando
Quem resolva para mim tanta carência
Eu não sou um galã na aparência
Mesmo assim do meu jeito vou tentando

Por enquanto vou seguir me consolando
Com um brinquedo que vem da adolescência
Se a espada me lateja com potência
Eu na mão vou por hora me virando

Me recuso a pagar pra dar no couro
Mas ficar sem fuder é mau agouro
Que saudade sinto de uma cara preta

E assim é na mão que eu me acabo
Quando passas rebolando esse seu rabo
Eu me lasco descascando uma punheta

A velhice é uma cruz/Difícil de carregar



I
A velhice vem chegando
Com o peso da idade
E assim a humanidade
Ficar nova vai tentando
E Viagra vem tomando
E com medo de brochar
Juventude esticar
É projeto que seduz
A velhice é uma cruz
Difícil de carregar
II
Faz assim um tratamento
E repõe seu hormonal
Tudo isso é normal
Se tem grana no momento
Medicina é instrumento
Mas não tem com parar
O relógio vai passar
Seu ponteiro não reduz
A velhice é uma cruz
Difícil de carregar
III
Mulher velha faz implante
E estica todo couro
No dinheiro dá estouro
Ficar nova seu rompante
Bisturi que desencante
Faça ela remoçar
Mas se muito esticar
Ilusão assim supus
A velhice é uma cruz
Difícil de carregar
IV
Cabra velho pinta os pelos
Da cabeça e do bigode
Não quer ser um velho pode
Quer mostrar outros apelos
E assim com atropelos
Bem boyzinho quer ficar
Pra meninas se mostrar
Visual que assim reluz
A velhice é uma cruz
Difícil de carregar
V
A temer ter rola mole
Toma muito do hormônio
Mas se tem bom patrimônio
A mulher com ele bole
Pede que o velho atole
E bem dentro pra gozar
Pra depois dela emprenhar
Golpe da barriga induz
A velhice é uma cruz
Difícil de carregar
VI
Mulher velha gasta grana
Com tintura e maquiagem
Pra cuidar bem da imagem
Parecer nova e bacana
Mas a ruga não engana
No pescoço é pra notar
E não dá pra disfarçar
Ruga em mãos anos traduz
A velhice é uma cruz
Difícil de carregar
VII
Mas tem velho que aceita
Sem problema envelhecer
Ver a rola amolecer
Vai assim buscar receita
Com Viagra então se deita
Com uma nêga pra trepar
O vovô pode enfartar
Socorrido pelo SUS
A velhice é uma cruz
Difícil de carregar
VIII
Mulher bem mais vaidosa
Vai pra faca e tudo estica
Como ela não tem pica
Só abrir e toda prosa
Mas não é mais tão fogosa
Gigolô pode encarar
Que na velha vem colar
E ao salário fazer jus
A velhice é uma cruz
Difícil de carregar
IX
Rola mole e buça frouxa
O futuro na velhice
Um doutor assim me disse
Quem não saca é um trouxa
Pois o tempo não afrouxa
Bota mesmo pra quebrar
E quem isso não aceitar
Vá e entregue pra Jesus
A velhice é uma cruz
Difícil de carregar
X
Zé Limeira certa vez
Pelejava com Heleno
Apostou saco de ENO
Foi aposta que ele fez
Num bordel lá em Suez
Fez Heleno biritar
De depois de vomitar
Resolver comer uns cus
A velhice é uma cruz
Difícil de carregar

domingo, 7 de fevereiro de 2010

A fé remove montanhas/ Terraplenagem também



Existe quem tem a fé
E em algo acredita
O ateu desacredita
Cada um faz o que quer
Mas a razão é mister
A toda hora convém
Existe o mal e o bem
Do destino as artimanhas
A FÉ REMOVE MONTANHAS
TERRAPLENAGEM TAMBÉM

Tem cristão tem muçulmano
Tem judeu e tem budista
Tem hindu e umbandista
Tem fanático e insano
Cada um tem o seu plano
É um grande vai e vem
O radical tem desdém
E fala coisas estranhas
A FÉ REMOVE MONTANHAS
TERRAPLENAGEM TAMBÉM

O ateu e comunista
Acredita na matéria
Sua teoria é séria
Tem também o anarquista
De toda fé ele dista
Muçulmano tem harém
O pastor cobra um vintém
Buda tem as suas banhas
A FÉ REMOVE MONTANHAS
TERRAPLENAGEM TAMBÉM

E teve a tal da cruzada
E a cruel inquisição
Fé com tortura e prisão
E gente morrendo assada
A fé nos é ensinada
De uma vida no além
Muito romeiro porém
Faz com a fé as barganhas
A FÉ REMOVE MONTANHAS
TERRAPLENAGEM TAMBÉM

Há quem despreza a Ciência
Teoria evolutiva
Muita gente se esquiva
De pensar com sapiência
Uma cega obediência
Muita gente louca tem
Uma fúria sem porém
Qual um bando de piranhas
A FÉ REMOVE MONTANHAS
TERRAPLENAGEM TAMBÉM

Há quem cobre dez por cento
Há que não nos cobra nada
Comunista camarada
Também cobra tal provento
Pra manter o movimento
Os dez por cento mantém
O tal budista é tão zen
Que não devora lasanhas
A FÉ REMOVE MONTANHAS
TERRAPLENAGEM TAMBÉM

Pai de santo macumbeiro
Fé de origem africana
Fé origem indiana
Que tem pra mais de milheiro
Seu Macedo tem obreiro
Junta milhão mais de cem
De Roma a Jerusalém
A fé possui muitas manhas
A FÉ REMOVE MONTANHAS
TERRAPLENAGEM TAMBÉM

E quem acredita em Deus
Crê também no Satanás
O capeta satisfaz
Toda fé dos fariseus
Que só quer o bem dos seus
E o Papa dizendo amém
Proíbe clonar o gen
Faz puritanas campanhas
A FÉ REMOVE MONTANHAS
TERRAPLENAGEM TAMBÉM

Quando veio para o mundo
Jesus Cristo foi artista
E dançou frevo na pista
No forró de Edmundo
Foi quando Pedro segundo
Foi comprar um Voltarem
Pois não se sentia bem
Pois brigou com dois meganhas
A FÉ REMOVE MONTANHAS
TERRAPLENAGEM TAMBÉM

Fica o dito por não dito
Acredite se quiser
Ou então quando puder
Vá folheando um escrito
Da fé que dá veredicto
E não perdoa a ninguém
Guarda grana em armazém
Que levar o que tu ganhas
A FÉ REMOVE MONTANHAS
TERRAPLENAGEM TAMBÉM

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

mote de Giuseppe Mascena

.
.
Onde andei foram rumos mais incertos
Mas vivi pra trazer boa lembrança
Encontrei o meu par e fiz a dança
Mas depois encarei muitos desertos
Pesadelos e sonhos mais despertos
Eu vivi e me pus sempre a sonhar
Pois viver é querer recomeçar
A lição que na vida eu guardei
No caminho das pedras que trilhei
Não existem mais rastros pra voltar

Pra seguir suplantar todo tormento
Precisei conhecer meu ser a fundo
Pra depois mergulhar bem mais profundo
Clarear para ver meu pensamento
O destino me fez seu instrumento
Pra saber conhecer e transformar
De outro modo fazer sem ver findar
O sonhar que aqui eu imaginei
No caminho das pedras que trilhei
Não existem mais rastros pra voltar

Aprender como faz toda harmonia
Sem voltar cometer mesmos enganos
Pois eu vi naufragar aí uns planos
Que plasmei ao criar tal fantasia
Mas sobrou para mim na poesia
Ser feliz por motivos pra falar
Ver a vida na frente e versejar
E pensar no que mais eu saberei
No caminho das pedras que trilhei
Não existem mais rastros pra voltar

Pra crescer é preciso toda vez
Conhecer o penar de um sofrimento
E depois superar triste momento
E de novo nosso mundo se refez
Prosseguir com coragem e altivez
O seu mundo de nova um clarear
Aprender compreender e transformar
Pois mudar neste mundo é nossa lei
No caminho das pedras que trilhei
Não existem mais rastros pra voltar

Prosseguir pra aprender em cada dia
Conseguir transformar todo presente
Pois passado se foi e tão somente
E deixou todos nós na mesma via
Pra seguir numa estrada que alumia
Mas pra sempre de tudo bom lembrar
O passado deixou para ensinar
E de tudo de bom sempre lembrei
No caminho das pedras que trilhei
Não existem mais rastros pra voltar

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Glosas Cristãs de um poeta ateu



Mote de Valdir Teles e Louro Branco
I
Numa cruz o puseram na Judéia
Os judeus o mandaram pros romanos
Pra sofrer tais castigos desumanos
Barrabás sim gritou louca platéia
No calvário penou sob a alcatéia
E levou meio mundo de porrada
Numa cruz teve vida enfim ceifada
Na maior tão cruel vil tirania
Quando o filho de Deus voltar um dia
Vai achar pouca gente preparada
II
Ao voltar vai achar falsos profetas
A vender salvação por dez por cento
Vai notar que até lá num convento
Também tem muitas coisas incorretas
Se Jesus nos mostrou as boas metas
Que cristãos por aí fizeram nada
Cristandade demente e depravada
A levar muita vida na orgia
Quando o filho de Deus voltar um dia
Vai achar pouca gente preparada
III
Vai notar que mentiras inventaram
Pra manter no poder tantos impérios
Ver chacal proferir mil impropérios
Pra ter grana que ali porcos juntaram
Pois Jesus suas frases deturparam
Pra fazer em seu nome uma cilada
Enganar tanta gente bem ferrada
E pregar por aí a hipocrisia
Quando o filho de Deus voltar um dia
Vai achar pouca gente preparada
IV
Achar fé por aí virar negócio
Ver igreja falar com intolerância
Ver reinar com seu nome só ganância
A fazer de Jesus como seu sócio
Pra vender salvação como consórcio
E juntar a fortuna desbragada
Satanás Lúcifer nesta parada
Pra assustar os fiéis com histeria
Quando o filho de Deus voltar um dia
Vai achar pouca gente preparada
V
Ao voltar vai punir muito safado
Que se esconde por trás duma batina
Pra tarar bolinar numa menina
Ou menino se for padre e viado
Vai Jesus detonar padre tarado
Condenar esta malta desgraçada
Quem negou não puniu gente safada
Que acoitou sem punir pedofilia
Quando o filho de Deus voltar um dia
Vai achar pouca gente preparada
VI
Vai Jesus se arretar ao ver mentira
Ao ver guerra senil que gera grana
Pra manter tanta coisa desumana
Que mantém só seu lucro como mira
Mas não vai detonar a pombagira
Pois Jesus é um cabra camarada
E não vai detonar fé da negrada
Pois Jesus vai além da liturgia
Quando o filho de Deus voltar um dia
Vai achar pouca gente preparada
VII
Perceber como tem cabra ladino
Professando na fé de intolerante
Pra manter seu rebanho ignorante
Lamentar nesta fé triste destino
Pra juntar patrimônio de suíno
Ver a fé muito mal interpretada
Pois mudou a lição bem ensinada
Que pregou revelou com energia
Quando o filho de Deus voltar um dia
Vai achar pouca gente preparada
VIII
Vai achar este mundo revirado
Sem moral bagunçado em todo canto
Ver padreco coiteiro virar santo
Seu Karol com a CIA amancebado
Virar santo pra ser bem festejado
Mas Jesus vai fazer coisa acertada
Separar joio e trigo na jornada
Vai saber detonar toda anarquia
Quando o filho de Deus voltar um dia
Vai achar pouca gente preparada
IX
Mas vai ser novamente perseguido
Por poder sacripanta de um fascista
Que mantém tal sistema escravista
Mas Jesus vai voltar bem prevenido
Pois na cruz não vai ter prego batido
Vai cuidar de sua gente explorada
Que não vai numa cruz ser mais pregada
Torpe cruz do poder da burguesia
Quando o filho de Deus voltar um dia
Vai achar pouca gente preparada
X
Vai voltar pra ferrar e com razão
Detonar que botou tal fé no lixo
Quem tratou seu irmão pior que bicho
Quem pregou pra ganhar mais de milhão
Quem cobrou dez por cento a salvação
Na TV fez na fé só palhaçada
Falseou o evangelho essa cambada
Praticantes cruéis da simonia
Quando o filho de Deus voltar um dia
Vai achar pouca gente preparada
XI
Jesus Cristo morreu sem ter pecado
Demonstrou seu amor com plenitude
Faleceu no vigor da juventude
Mas depois foi assim ressuscitado
Pra subir para o céu bem consagrado
Prometeu retornar palavra dada
Quem tornou sua fé avacalhada
Não merece perdão nem garantia
Quando o filho de Deus voltar um dia
Vai achar pouca gente preparada
XII
Vai voltar pra tornar seu mundo justo
Detonar destronar todo tirano
Pois do céu vem seu gesto soberano
Quem penou quem sofreu pagou seu custo
O perverso poder vai levar susto
Quando ver ele vir dar uma lavada
Faxinar esta Terra esculhambada
Implantar o seu reino de harmonia
Quando o filho de Deus voltar um dia
Vai achar pouca gente preparada

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Eu e Bianca Liz


(Bianca Liz e Allan Sales em julho de 2009 numa festa no Recife)
I
Eu vou contar pra vocês
O que aconteceu comigo
Foi coisa boa na vida
Aproveito então e digo
O fato inesperado
Num momento iluminado
Por causa de um amigo
II
Essa história eu sigo
Estava eu na internet
Abrindo o meu ORKUT
Que até hoje se repete
Um recado atencioso
Ao lado um rosto formoso
Eu ali no “tete à tete”
III
Ela jogava confete
Dizendo que o camarada
Falara do meu trabalho
No cordel a minha estrada
Era Bruno de primeira
Cabra bom da Fim de Feira
Que dera a dica arretada
IV
Ela estava interessada
Em conhecer meus cordéis
Era estudante de letras
Nas lides dos bacharéis
Falando como podia
Ler a minha poesia
Colocada nos papéis
V
Esses versos meus lauréis
Falei pra ela que tinha
Vi a foto dessa ninfa
E as outras que ela tinha
Álbum de fotografias
Com poses alegorias
Que fazia essa lindinha
VI
Ó que linda baianinha
Que gestos insinuantes
Cara de inteligente
De olhares cativantes
Resolvi fazer um verso
Na septilha imerso
E falando sem rompantes
VII
Passados dias instantes
Ela então me respondeu
Num recado de ORKUT
Que esse poeta leu
Vi que estava na rede
De falar-lhe tive sede
E assim aconteceu
VIII
Eu disse a ela que eu
No MSN estava
Mandei o meu endereço
Na hora ela aceitava
E ali adicionado
Com essa diva ligado
Um belo papo rolava
IX
Eu ali me apresentava
Falava coisas de mim
Ela então também dizia
O que fazia enfim
Rolou tanta empatia
Coisa linda e simpatia
Uma sedução sem fim
X
Maragogipe o confim
Sua terra na Bahia
Ela ambientalista
No trabalho que fazia
Ela fez um desafio
Eu ali liguei o fio
E mandei mais poesia
XI
Emoção a cada dia
Toda vez que encontrava
Flor de Liz na internet
E muito mais conversava
Uma alma delicada
Ô baianinha arretada
Que assim me arrebatava
XII
O tempo assim passava
Um dia eu informei
Meus telefones pra ela
E os dela copiei
Pra um telefone correndo
Fui pra perto me acendendo
E pra lindinha eu ligue
XIII
E assim eu me encantei
Com a voz tão sensual
Continuei nesta rede
Na conversa virtual
Cada vez ligado nela
Virou a musa tão bela
Do poema original
XIV
Minha verve musical
Com a bela despertou
Um samba com sentimento
Que do meu pinho brotou
E foi pela TELEMAR
Que fiz ela escutar
O samba que ela gostou
XV
Uma idéia rolou
Ela iria pra um congresso
Na capital de Alagoas
Sua escola em acesso
Eu iria encontrá-la
Em Maceió olhá-la
Isso não teve sucesso
XVI
Eu fiquei foi de recesso
A virose me pegou
Não pude ver minha musa
No lugar que ela marcou
Mas continuei falando
Na internet criando
Poemas que ela amou
XVII
A bossa nova rolou
Chamada de Baianinha
Canção que mandei gravada
Por g-mail pra gatinha
Assim como mandei samba
Toquei violão de bamba
Pra encantar a fofinha
XVIII
E finalmente na linha
Eu iria a Salvador
Participar de um encontro
Coisa de procurador
Fui ter em Camaçari
E bem pertinho dali
Ver de perto a linda flor
XIX
Ver de perto toda cor
beleza que encandeia
Ela vestindo vermelho
A minha mente incendeia
Foi no Mercado Modelo
Aonde pude fazê-lo
Ver a baiana sereia
XX
A luz da tarde tão cheia
Quatro horas tão somente
Eu fiquei junto da musa
Aquele olhar envolvente
Mais linda do que na tela
Era muito mais que bela
Ver a Bianca de frente
XXI
Fiz um livro diferente
Todo dedicado à musa
Com sonetos com septilhas
Tudo o que o poeta usa
Assinei ali pra ela
Essa obra tão singela
A hora chegou intrusa
XXII
A tarde findou difusa
Vivia a tarde feliz
Ela foi para seu mundo
De volta ao torrão matriz
Terra da Felicidade
De onde trago a saudade
De Bianca Flor de Liz
XXIII
A vida assim que quis
Continuo lhe falando
Vez em quando ela aparece
Mas logo vai se mandando
Andando assoberbada
A baianinha ocupada
Sua batalha levando
XXIV
Eu aqui ou versejando
Lembrando com alegria
Eu ali no Pelourinho
A cantar a melodia
Pulsava o meu violão
Muito mais meu coração
Pra Flor de Liz da Bahia.

Nádia Patrícia



Linda criatura que tive a felicidade conhecer em 2009 no Mercado da Boa Vista