quinta-feira, 31 de maio de 2012

Sales compositor..



Um doidim compositor
Formação tem: musical
Mas o Sales não copia
Sales é original
Libertário: não fascista
E nem gigolô copista
Da cultura ancestral

ARIANO E O NOBEL

"Eu aceito, mas não disputo. Como não disputei a vaga das academias para as quais fui eleito", comentou Ariano Suassuna, referindo-se à ABL, Academia Pernambucana de Letras e Academia Paraibana de Letras.

Ele me lembra muito o personagem Dom Quixote, no qual Cervantes descrevia uma Europa feudal em franca decadência e seu remanescente da nobreza falida delirando diante da realidade daquele mudo em mutação. Ao contrário de Cervantes, que apenas narrou através de Dom Quixote o declínio do mundo feudal ante as transformações que vieram com as mudanças econômicas e políticas, nosso professor paraibano se comporta como o personagem da literatura espanhola.

Só que Dom Quixote inventava inimigos imaginários nos seus delírios, assim como Ariano de certa forma exagera e fantasia coisas em relação às coisas exógenas à cultura brasileira. Recusou-se a receber um prêmio SHARP, por achar o nome feio. Nacionalismo é algo louvável, mas dizer uma palavra é feia por não ser em nossa língua é demais da conta. Postura que em sociologia costuma ser chamada de etnocentrismo, quando um povo toma sua cultura como paradigma de excelência e de superioridade em relação a outros povos e culturas. Como podemos combater a intolerância cultural neo-colonialista dos povos mais ricos com a mesma postura de negação do outro? As culturas dos povos, segundo preconiza a antropologia e todo conjunto das ciências sociais, não são nem inferiores nem superiores apenas diferentes.

Tem outra situação em que ele desdenha da língua inglesa quando diz que feia a palavra “book”, por ser escrita de um jeito e pronunciada de outro. Quer dizer, não sabe separar o que venha ser repulsa ao imperialismo do mundo anglo-americano, do que vem a ser repulsa a um idioma, que é simplesmente a expressão cultural de povos que como quaisquer outros povos têm sua contribuição na construção da civilização humana.
Podemos combater quem nos vê com olhos fascistas sendo tão obscurantistas e fascistas como eles?

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Saravá Millôr Fernandes



Já dizia o Millor grande sujeito
Que na vida mostrou tanta cultura
Que seu livre pensar é só pensar
Pois Millor pensador na forma pura
E assim que deitou filosofia
Quando mando em alguém: democracia
Quando mandam em mim é ditadura

Ao dizer o que disse um cabra certo
O Millôr foi além do que ele viu
Escreveu muito bem depois partiu
Nunca mais vamos ter Milôr por perto
O Brasil que mostrou num rumo incerto
No Pasquim escreveu em noite escura
Num Brasil de opressão e de tortura
Pra dizer seu Millôr com picardia
Quando mando em alguém: democracia
Quando mandam em mim é ditadura

O pensar relativo dos humanos
Reclamando na vida seus direitos
Somos nós uns primatas com defeitos
Somos nós uns macacos desumanos
Todos nós temos genes de tiranos
E em nós há uma coisa obscura
Que na hora da crise ela procura
Vem sair e na lata se anuncia
Quando mando em alguém: democracia
Quando mandam em mim é ditadura

Somos nós de nascença bons mandões
Uns primatas escrotos egoístas
Muitos são bem carolas e fascistas
Outros são mentirosos e poltrões
Todos nós somos como gaviões
A caçar os irmãos e com loucura
Seduzir e oprimir mas com candura
Exercer seu poder com hipocrisia
Quando mando em alguém: democracia
Quando mandam em mim é ditadura

Mas mandar todos gostam de exercer
Um poder de dizer como se faz
Isso pode no fim findar com a paz
Só no jogo bem podre do poder
Que assim a coisa faz ferver
Pois poder é uma forma de usura
Mais escrota nojenta e obscura
Que se tem por aqui em toda via
Quando mando em alguém: democracia
Quando mandam em mim é ditadura

segunda-feira, 21 de maio de 2012

SOBRE O CORDEL




Eu só conheço dois tipos de cordel que não classifico como novo ou velho. Cordel pra mim tem de dois tipos: ruim e bom. É claro que em tempos ancestrais, publicar era algo bem mais difícil, o nível de acesso à informação era bem menor, de forma que pouca gente se atrevia a publicar algo que se desse o nome de cordel, havia mais qualidade pelas obras ancestrais que tive oportunidade de ler. Hoje, com o advento do acesso às tecnologias digitais, qualquer um pode fazer do seu PC uma editora, como eu mesmo faço.

Conheço muito cordel e cordelistas contemporâneos de qualidade, embora reconheça que andei lendo muita bobagem, coisas sem o menor apuro técnico, assim como coisa com apuro técnico isenta de poeticidade, poesia é algo muito além de métrica e rima. O cordel, como tudo neste mundo é contextualizado.

E os tempos não voltam mais, como diz o mote, o que interessa é que as pessoas que realmente levam o cordel a sério, sem corromper a tradição e a técnica, assim como sem negar a contemporaneidade de novas temáticas e abordagens tenham o devido espaço e crédito, já que o que é isento de valor estético por si mesmo não se sustenta como obra de arte. Meu cordel não tece loas ao cangaço de Virgulino e sim aos quilombolas de Zumbi, assim como não entra no séquito dos que canonizam o padreco polêmico e mundano de Juazeiro do Norte, também não culpa a seca como vilã única das mazelas sociais, a cerca do latifúndio é o foco dessa crítica, os puristas, passadistas e similares não apreciam, mas, mesmo assim continuo escrevendo um cordel de um nordeste além deste estabelecido por uma tradição escolástica, metafísica determinista, não científica e dialética.

Vermelhos da vergonha




O vermelho de Karl Marx
Que ensinou a mais valia
O vermelho das bandeiras
Que se empunhou um dia
Vão pintar com cor tristonha
Não vermelho de vergonha
De ver tanta baixaria

AMIGOS

Os amigos de verdade poucos são
A contar bem na ponta dos seus dedos
Os demais o vão ser de ocasião
Como os quais no geral tantos degredos

Um amigo de verdade nosso irmão
Para ele revelamos os segredos
Sem vacilo estende-nos a mão
E divide conosco até seus medos

Mas o mundo da gente é assim mesmo
Competir,disputar, moral a esmo
Foi assim que fez a humanidade

Mesmo assim há quem foge e transcende
Não apaga a luz do bem que acende
Pois bem sabe o valor de uma amizade

EXTREMOS

Uns exaltam o Recife ufanistas
Outros falam mal de tudo que revela
Os extremos pra tais maniqueístas
Que reduzem conceitos por tabela

Um Recife d’ouro para os saudosistas
Para outros todo poço de mazela
Uns se ufanam com arroubos nativistas
Outros dizem ser Recife qual cadela

Entre tantos há quem viva simplesmente
E desfrute do que é pois realmente
Não lhe vai falar mal ou ser Bandeira

Pois o mundo da gente é misturado
Bem e mal vivem juntos lado a lado
Como em nossa Veneza Brasileira

ALLAN SALES

sábado, 19 de maio de 2012

Mágoas

Tentei mágoas afogar
Com cachaça vinho e tais
E assim enchendo a cara
Embebi doses a mais
Hoje sóbrio bebo águas
Não se pode afogar mágoas
Elas nadam bem demais

AS MALOCA DE CASA AMARELA

(se Zé da Luz morasse no Recife contemporâneo)

Três muié ou três trepeça
Três maloca da favela
Que vi num ponto de ônibus
No Vasco em Casa Amarela
A mais veia a mais escrota
Tinha uma lapa de rabão
Torcia pelo leão
Vi na camisa marota

A segunda, a mais franzina
Me filmava de montão
Ligada no violão
Com um cara bem ladina
Os oi dela parecia
Uns dois farol acendendo
E vermelho os dois ardendo
Na lombra que ela trazia
A terceira essa se invoca
Me espiava de um jeito
E piscava pra um sujeito
Montado numa motoca

O maloca bem arisco
Ficou oiando pra eu
Minha perna se tremeu
E o meu cu foi dando um pisco

Eu até me assustava
Olhando as três maloca
E o cabra da motoca
Qual quem mais me tirava
E assim de supetão
Liguei pro cento e noventa
E vi a corja nojenta
Embarcar num camburão.

Meu amigo Aderaldo Luciano



Tive o prazer de conhecer na bienal do livro meu confrade Aderaldo Luciano, PHD em letras pela UEFRJ, cordelista de boa cepa, um guerreiro que luta ferozmente pelo reconhecimento dos meios acadêmicos e órgãos oficiais de cultura da historicidade e excelência estética da literatura de cordel, muitas vezes excluída, outras tantas tratada como uma arte menor, circunscrita no universo do pitoresco e do “folclórico” na pior acepção que esta palavra pode ter.
Num país de tradição bacharelesca, a academia é quem põe o selo de qualidade dos que

devem ou não ser aceitos pela corte dos que ditam os paradigmas estéticos da sociedade de classes, onde tudo que vem da alma do povo é antes tem que ser analisado, dissecado, submetido ao julgo dos doutos, e, se possível domesticado para não contrariar os ditames de quem domina política e economicamente o restante de todo corpo social. Hoje a luta dele com gestores da Biblioteca Nacional, que pra não fugir da regra geral, anda dando o mesmo tratamento se sub dimensionar a importância de nossa literatura de cordel como produto cultural refinado e dos mais autênticos que criou e ainda cria o bravo povo do meu querido Brasil.
Seu doutor literato bem postado

Quem possui tanto dom por ler ciência
Não demonstra aqui a sapiência
Ao mostrar seu pensar colonizado
Pois a arte do povo meu prezado
Vem de longe pois rompe segue via
Pra ficar pro futuro em alforria
Com você sem você e não importa
O cordel deste mundo abre a porta
Sem ligar pro que diz a academia

Tu que vês sem ser Cego Aderaldo
És um vate de luta com sucesso
Do cordel vai nas vias do progresso
Quem exclui em você não dá um caldo
Vai ficar com bolores como saldo
Nem botando pra fazer a terapia
E Darcy o Ribeiro nos dizia
Pra cultura popular não tem comporta
O cordel deste mundo abre a porta
Sem ligar pro que diz a academia

No geral é seguir poetizando
E fazer como fez grande Leandro
O cordel segue a fazer meandro
Pelo mundo da gente se firmando
E se eles não vão ver estão errando
Vamos nós promover mais cantoria
Declamar publicar com galhardia
Esquecer de quem tem a vista torta
O cordel deste mundo abre a porta
Sem ligar pro que diz a academia

Salve Clarice Lispector!

A Clarice nos falou
De uma forma genuína
Que o belo tem encanto
Mas assim não determina
A verdade disse tanta
Que o bonito lhe encanta
E o sincero lhe fascina

O bonito atraindo
O sincero cativando
O bonito encantando
O sincero tão bem vindo
O bonito sendo lindo
O sincero é coisa fina
O bonito não domina
O sincero nunca espanta
O bonito que encanta
E o sincero que fascina

O bonito é só imagem
O sincero é conteúdo
O bonito não é tudo
O sincero tem mensagem
O bonito com visagem
O sincero é uma mina
O bonito é lamparina
O sincero sol que canta
O bonito que encanta
E o sincero que fascina

No bonito a visão
No sincero sentimento
No bonito no momento
No sincero em profusão
No bonito tem tesão
No sincero toda sina
No bonito pouco atina
No sincero não quebranta
O bonito que encanta
E o sincero que fascina

Pois Clarice tão sincera
Mas também toda beleza
Sua verve a sutileza
Seu olhar duma pantera
A Lispector que era
Toda força feminina
Ela que desde menina
Tanta verve assim levanta
O bonito que encanta
E o sincero que fascina

Zé Limeira nesta hora
Invadiu o meu poema
Tava lá na Borborema
Junto com sua senhora
Pôs anel numa penhora
Pra um judeu lá em Campina
E depois em Teresina
Resolveu criar uma anta
O bonito que encanta
E o sincero que fascina

Glosas sobre mote garimpado na comunidade Oficina do Cordel (Facebook)

A saudade chegou bem de repente
E calou minha voz dentro do peito
Pra deixar sem calor lençol no leito
E fazer o meu canto assim dolente
A saudade marcou assim de frente
E deixou o meu peito aqui na hora
E depois de ficar tudo piora
Os meus prantos por ti num mar imersos
A Saudade ditou-me estes dez versos…
Quem me dera te ter comigo agora

A saudade cruel por companhia
De um pinho calado sem canção
Uma voz embargada um coração
Que ficou a sentir sem serventia
A saudade brotou na poesia
E se fez do meu canto vil senhora
O poeta se lembra canta e chora
Ao lembrar os momentos são perversos
A Saudade ditou-me estes dez versos…
Quem me dera te ter comigo agora

Fui viver por aí triste e sozinho
Mas viver pra lembrar dela é tormento
Meu amor que se foi assim no vento
Vou lembrar e dizer na voz dum pinho
A saudade do gesto e do carinho
Que ela deu para mim mas foi embora
Eu fiquei meu penar muito demora
Pois não tem como tal modos reversos
A Saudade ditou-me estes dez versos…
Quem me dera te ter comigo agora

Meu lembrar de querer sua presença
Mas se foi e deixou só a saudade
Pra deixar só aqui uma metade
De alguém que em ti somente pensa
O amor ser ter perto dá descrença
O pensar todo tempo que assessora
A distância cruel tudo piora
Os tormentos que traz são bem diversos
A Saudade ditou-me estes dez versos…
Quem me dera te ter comigo agora

Com mulher feia...........

Todo cabra cachaceiro é corajoso
Toma porre depois fica bem afoito
Azarando um dragão e faz o coito
E nem nota quanto foi defeituoso
Noutro dia ele acorda preguiçoso
De ressaca reza pra Ave Maria
Não bebesse essa merda não faria
Em mocreia por aí meter a peia
Eu de porre não deitei com mulher feia
Eu apenas acordei no outro dia

Vai surtar quando acorda vê do lado
Deus do céu o que fiz com minha rola
Ela acorda satisfeita e quase tola
Com olhar bem meloso apaixonado
Você olha pro dragão bem assustado
Mas mandou bem demais na putaria
Ela pensa que não fica pra titia
Por você os pneus que tem arreia
Eu de porre não deitei com mulher feia
Eu apenas acordei no outro dia

Na refrega no escuro e na manguaça
Muito nego fudeu com cada troço
Requenguela demais eu que não posso
Me lembrar quando eu bebi cachaça
Mulé feia cabra macho chega e traça
Bonitinha até fresco comeria
Goza nela e até faz sodomia
Se ela tem um corpinho de sereia
Eu de porre não deitei com mulher feia
Eu apenas acordei no outro dia

Salve Paulo Freire!



Paulo Freire certamente
Acertou ali na veia
Educar nos incendeia
E clareia nossa mente
Educar o povo urgente
No sentido mais profundo
Com o Freire não confundo
Seu pensar grande ressoa
Educar muda a pessoa
E a pessoa muda o mundo

Com um povo educado
Que faz prosperar nação
Não só PIB com razão
Pro país ser avançado
Sendo um país letrado
O seu povo vai mais fundo
É primeiro sem segundo
Onde o bom saber ecoa
Educar muda a pessoa
E a pessoa muda o mundo

Paulo que sabiamente
Descreveu todo processo
Um arauto do progresso
De um modo inteligente
Educar a nossa gente
Neste mote eu aprofundo
O presente aqui refundo
Pra falar de coisa boa
Educar muda a pessoa
E a pessoa muda o mundo

O progresso social
Tem por base a educação
Os destinos da nação
É de cunho crucial
Um projeto nacional
Neste tem eu me afundo
Sem votar num vagabundo
Que da educação destoa
Educar muda a pessoa
E a pessoa muda o mundo

O saber é a redenção
Das mazelas da miséria
Conhecer toda matéria
Do saber toda função
Com escola em profusão
O atraso é moribundo
Com saber grande e fecundo
Entoar a nova loa
Educar muda a pessoa
E a pessoa muda o mundo

CRUZADA INTERNÉTICA PRÓ JEGUE.

Recentemente vi uma postagem conclamando as pessoas a salvarem os jegues de virarem item na pauta de exportações para a República Popular da China, nossa maior parceira comercial na atualidade. Um dos que apóiam essa cruzada pró jegue chegou a dar o seguinte depoimento:
“ Isso só está acontecendo por culpa de pessoas que não acreditam mais em Jesus por aqui,fui em um interior aqui perto e descobri tristemente que os jegues estão sendo vendidos por vinte,trinta reais,o Homem do interior prefere agora” motos chinesas”!!! Por que não mandam baratas,mosquitos,e outros bichos que infestam nossas casas,sem querer ofender os hábitos culinários chineses,mas o jegue não,ele é nosso irmão. “

(autor aqui omitido por não ter dele permissão de colocar seu nome):
O jegue virou uma verdadeira praga no sertão,o povo não emprega mais sua força de tração. Morreriam à míngua de todo jeito, pelo menos dessa foram servirão para alguma coisa. Eu conheci um bispo de origem italiana de uma diocese no sertão que aprecia carne de jegue e até me ofereceu para provar. Se for pra salvar jegues, deixemos também de hipocrisia e paremos de matar pra comer vacas, bodes,galinhas e etc. Viva o jegueburger chinês.

Não existe povo mais devoto que o povo do sertão, não é por falta de crença no filho da virgem que é não foi filho biológico do carpinteiro José que o povo sertanejo quer mandar os jegues pra China.É a lógica da sobrevivência mesmo, querem dar ao jegue uma função útil além da função que eles tem hoje de ser uma praga sem nenhuma utilidade prática na vida desse povo pobre e sofrido das plagas sertanejas.

Venha grana vão-se os jegues
E os chinas vão então
Fabricar coisas com eles
Esse bicho tão cristão
Afinal se virou praga
Vem a China compra e paga
Viva o PIB e a exportação

sexta-feira, 18 de maio de 2012

VATICANO É RACISTA?

Vaticano é racista?
Eu pergunto pra vocês
Santo preto o Benedito
Foi nas cotas que se fez
Outro preto desconheço
Bispos pretos só conheço
Do meu jogo de xadrez

Um Jesus caucasiano
Apesar dele judeu
Quem pintou e concebeu
Resolveu ter esse plano
E assim o Vaticano
Na maior desfaçatez
Mas se negro não tem vez
Isso vem desde o começo
Bispos pretos só conheço
Do meu jogo de xadrez

No Brasil a padroeira
Tem imagem enegrecida
E na fé do povo ungida
Como fé bem verdadeira
Mas tragédia foi negreira
Com maldade e sordidez
Com água benta que se fez
Essa bênção por bom preço
Bispos pretos só conheço
Do meu jogo de xadrez

Mas já vi bispos pretinhos
Na TV um certo dia
Sei que tem com garantia
Mas na certa são pouquinhos
Pois no mundo os escurinhos
Sua vida se desfez
Com negreiros todo mês
A mudar seu endereço
Bispos pretos só conheço
Do meu jogo de xadrez

PROJETO DE PAÍS...

Projeto de casa grande nós temos ,está aí desde 1500, intocável,o que se faz no Brasil hoje é uma manipulação populista pra acalmar a revolta social,esse modelo tem prazo de validade,as demandas sociais crescem em ordem exponencial e eles dão esmolas em escala linear, as curvas divergem muito.
O modelo de tampão populista, é saída contra uma ruptura do status quo,o bom e velho pacto de elites, que o grande Nelson Werneck Sodré tão bem descreveu:façamos a revolução antes que o povo a faça.

Fizemos nossa independência pondo no poder o filho do nosso opressor português,sem ruptura.

Fizemos a república, mantendo os vícios do império, sem mexer no modelo econômico,a revolução de 30, manteve a exploração das massas, fez somente a mudança do eixo de dominação internacional, mudando para mãos americanas nossa dependência.
A redemocratização depois do estado novo se fez seguindo ditames da guerra fria, com o sistema de espoliação das massas intocado.

Quando o povo finalmente se organiza e questiona o modelo e Goulart sinaliza com mudanças tímidas da matriz social e produtiva , uma ditadura vem e acaba com tudo.

E aqui estamos nós , sem reforma agrária, sexta economia do mundo com o 56º índice de IDH do mundo, isso é insustentável a longo prazo para criar um país de ponta. Até quando o tampão de medidas populistas paliativas vai permanecer?

SHOW MUSICAL OU KARAOKÊ?

Tocar em bares é muitas vezes uma tarefa que nos exige ter atitude. Nosso compromisso como nosso público, manter o nível de nosso trabalho, acredito deva ser nossa meta, assim como deve ser de todo profissional de qualquer ramo de atividade.
É por demais comum aparecerem colegas nossos e outras pessoas que são músicos nos ambientes nos quais nos apresentamos, muitas vezes outros músicos nos pedem uma chance de usar nosso palco para divulgar sua arte. Eu sempre abri e abro espaço pra esses amigos e colegas de profissão, afinal é sempre de bom tom uma quebra de estilo e sonoridades, quebrando a feição monocórdia que é um só artista por um tempo longo em mesmo palco.

O problema é quando aparecem pessoas que não possuem a mesma performance, dessas que os amigos elegem como artista da turma, que em eventos privados dão seu show pra seu público doméstico e que julgam que em espaço público terão a mesma acolhida. Tempos atrás conheci uma aspirante à cantora. Foi num evento num espaço onde a acompanhei cantando pra pessoas conhecidas, ela agrada mais pela simpatia, é uma mulher bonita, mas do ponto de vista musical é deficitária, desafina um pouco e tem dificuldades de ritmo, atravessando em relação ao acompanhamento musical.

Mercado da Boa Vista,lugar onde toco desde março de 2008. Hoje temos um grupo bem entrosado tocando lá: eu de voz e violão, Paulinho Cantor nosso vocalista e Gel de São José, nosso talentoso percussionista. Conseguimos montar um repertório bastante dinâmico e que tem agradado em cheio ao variado público que lá freqüenta. Nossa política de abrir espaço para outras pessoas ocuparem nosso palco leva sempre em conta o fator de essa intervenção não quebre a dinâmica, já que nosso público é bastante exigente e não recebe muito bem quem não segura a onda direito.

Essa moça que gosta de cantar apareceu lá querendo se apresentar. Eu expliquei pra ela que ali é um espaço público, com grupo ensaiado, no qual não há condição de colocar pessoas que não tenham a mesma qualidade musical do grupo e dos outros músicos que nós eventualmente convidamos pra dar uma canja em nosso palco. Foi complicado, ela alterou-se, disse que sempre é ovacionada por onde se apresenta, que as pessoas perguntam onde ela costuma se apresentar,etc., etc.

Eu me limitei a ouvir e disse na lata: – tudo bem, mas você atravessa e desafina demais, e eu não vou colocar no meu palco quem não tem afinação e ritmo, isso é meu espaço de trabalho, construí isso aqui com quatro anos de muito esforço junto com meus parceiros de palco. Nós aqui fazemos um show, não fazemos karaokê. Mas como Narciso acha feio o que não é espelho, ouvi seus impropérios irados e me retirei pra voltar ao palco e encerrar mais um domingo como faço desde 2008. Como diria Brecht: – nós que pregamos o bem, nem sempre podemos ser bons. Fazer o que?

AS VERBAS DA CULTURA

“Um quadriênio tenebroso para quem realmente faz cultura” . (depoimento de um produtor, diretor de teatro e ator Samuel Santos numa postagem de rede social recentemente)

Cultura, segundo a carta magna é direito do cidadão e dever do estado. Em sociedades em que a cidadania e seus direitos são respeitados, o fomento aos bens imateriais é quase que uma norma natural.
Fácil para povos com situação econômica estável e sociedade realmente democrática. No nosso caso, vivemos ainda uma caricatura de república onde funciona o estado de direito, porém, viciada pela apropriação desse mesmo estado pelos interesses corporativos que estão invariavelmente por trás de todo arcabouço de estruturação orçamentária.
Nisso aí, resta pra cultura uma cifra magérrima dos orçamentos federais, estaduais e municipais, cabendo aos gestores administrar a escassez de recursos. Os mecanismos de renúncia fiscal de fomento às artes demonstraram até agora serem paliativo ante a inapetência dos gestores públicos em dar ao mundo da cultura e das artes a verdadeira valoração que estas deveriam ter no processo de construção social e histórica.
Mas também ao estado não cabe tudo, o restante da sociedade deveria tomar pra si essa tarefa levando em conta o paradigma de responsabilidade social. Por que é tenebroso? A classe artística deixou-se ficar refém das iniciativas públicas de fomento. Nos anos 80 não havia editais,os mecanismos viciados que hoje tem dos funcultura da vida, mesmo assim não deixava de existir produção cultural no Recife. Onde estão os empreendedores? Tenebroso também é a falta de inciativa de romper com essa dependência que muitos voluntariamente criaram em torno dos poderes públicos.

RESPOSTA

Respondendo à indagação de um amigo da classe artística.

Queria só fazer uma pergunta aos candidatos: qual é o projeto para a cultura? ( Samuel Santos)
Minha resposta:

Usar artistas idiotas pra formar opinião daqueles mais idiotas que esses bostas pra votar neles. Depois de chegar lá, empregar tecnocratas burros e insensíveis nos órgãos de cultura para serem bajulados pelos artistas oportunistas, venais e sem moral, tratar artista como lixo, dar chá de cadeira, e só contratar os mais medíocres que beijam suas mãos porcas. Fazer dos projetos de fomento ferramenta de acumulação de poder e humilhar a classe artística com essas migalhas que pertencem a toda sociedade e que eles tratam como se fosse deles. Para esses filhos da puta, cultura se resume a mega eventos no marco zero e as festas do calendário: natal, carnaval, são joão, etc..

Estrofes de Internet



É uma coletânea de textos soltos, geralmente postados no facebook.

A estética e a poética
Quem assim as bem criou?
Sentimento de ver belo
Que nas artes se firmou
A estética foi Apolo
Dionísio com seu solo
A poética inspirou

Tu não tiras minha paz
Se estás perto nesse instante
Se bem perto estivesse
Bem seria interessante
Uma coisa sei ao certo
Minha paz não tiras perto
Tiras se estás distante

Meu afeto é perene
Isso sei que é verdade
Sentimento permanece
E não morre com a idade
E assim não é meu caso
Sentimento não tem prazo
Pra perder a validade

Conversando com alguém na internet
Ela disse eu me vou depois procuro
Eu aqui matutando e teclando
Aceitei seu adeus assim seguro
Pois depois descobri qual o seu crivo
Do adeus ligeirinho seu motivo
O marido chegou de pau bem duro

Alma gêmea não procuro
Que besteira arretada
Pois as almas não se entendem
Só os corpos na trepada
E assim procuro a fêmea
Pois em vez de alma gêmea
Só achei alma penada

Lá na ilha do Retiro
Santa Cruz mostrou seu porte
A empáfia leonina
Decretando triste sorte
De jogar leão na vala
Nem preciso foi ter Bala
Pra ferrar time do Sport

É um porco um felizardo
De tal forma definida
Com a morte se transforma
Noutra coisa bem querida
Felizardo quando ocorre
Pois o porco quando morre
Fica de bacon a vida

Vida virtual imagem
Para o mal e para o bem
Como espelho é a vida
Ida a e volta que ela tem
Tudo que em vida inflete
Como espelho ela reflete
Traz de volta e não retém

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Uva e vinho.

O que fazes comigo é teu problema
Plantarás colherás em tal futuro
A colheita virá eu te asseguro
É assim que se segue nosso tema
Se te falo aqui neste poema
É pra tu se ligar neste porvir
O que faz no futuro vai surgir
E assim terás como me pagar
Sendo uva tu podes me pisar
Mas se vinho terás que me engolir

AMIGOS?



Quer saber quanto eles são?
Os amigos?Dá uma festa
Muitos chegarão correndo
Pra beber e ouvir seresta
Pra sacar quem é decente
Basta então ficar doente
Pra saber quem deles presta

Os amigos variáveis
Quando tudo está de cima
Quando a grana nos arrima
Eles são bem adoráveis
Mas também são descartáveis
E jogados pela fresta
Quando a crise vem de testa
Eles fogem sem aviso
Basta então só ficar liso
Pra saber quem deles presta

São amigos na fartura
E estranhos na escassez
Que se mostram duma vez
Como são real figura
Gente assim é pra fritura
Pois canalha se atesta
Pois o são d’alma funesta
De moral tão curta e lerda
Basta só ficar na merda
Pra saber quem deles presta

É amigo da festança
E no resto indiferente
É amigo tão somente
Nos momentos de gastança
Nos momentos sem bonança
Nada dele nos empresta
Pula fora e vai nesta
Deixa tu só de fudido
Basta só ficar falido
Pra saber quem deles presta

Os amigos só de farra
Dos momentos de folia
De cachaça e putaria
Fogem quando é uma barra
E aí tudo se amarra
O cabrão se manifesta
Lamentar o que nos resta
Ver ruir nossa marquise
Basta só ficar na crise
Pra saber quem deles presta

Quando tem um interesse
Que você pode ajeitar
Chega ali pra cortejar
Com sorriso grande desse
Mas se nada acontecesse
Seu caráter nos molesta
Como coisa indigesta
Vai deixar você de lado
Basta só ficar ferrado
Pra saber quem deles presta

Como Augusto versejou
Que a mão que nos afaga
Apedreja como praga
E a boca que beijou
Em escarro se tornou
Gente fera da floresta
O viver simples contesta
Pois só vale o teu cobre
Fica tu lascado e pobre
Pra saber quem deles presta

São amigos falseados
Bons amigos de uma onça
Sem calibre na responsa
Bando de cabras safados
Ficam juntos saciados
Quando a crise se encabresta
Tanta alma desonesta
Por ali se escafedendo
Basta então ficar devendo
Pra saber quem deles presta

sábado, 5 de maio de 2012

Décima em maio.

Eu já vi noutro tempo diferente
Hoje vejo, você nada mudou
Permanece do jeito que ficou
Na essência, pois tem a mesma mente
Mas a vida caminha só pra frente
E a gente percebe e muito bem
Transformar, transmudar e ir além
Pra quem tem mesmo afeto mesma essência
Quem não tem, vade retro, paciência
Só se perde aquilo que se tem

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Prioridade e opção

Aprendi coisas na vida
E a muitas dou razão
Que amor, se verdadeiro
Não maltrata o coração
E assim vejo a verdade
De não dar prioridade
Que nos vê como opção

É um dar sem receber
Como troca vil injusta
Sentimento que nos custa
Toda forma de sofrer
Sentimento o padecer
Causa até consumição
Descambando em depressão
Isto sim temeridade
Não vou dar prioridade
Que me vê como opção

Mas vivi coisas assim
Que hoje vivem no passado
Onde eu fui rejeitado
Vade retro ô coisa ruim
Quero amor, mas bom pra mim
Doutra forma quero não
Pois amor só com tesão
E com reciprocidade
Não vou dar prioridade
Que me vê como opção