sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Quem vota em cabra safado / Assina um cheque pro Cão



I
Quem vota errado detona
É um ser sem consciência
Vender voto tal demência
Bota seu voto na lona
O poder virando a zona
Reino da corrupção
Transparência não tem não
No fim o povo é ferrado
Quem vota em cabra safado
Assina um cheque pro Cão
II
Quem vota sem ver a vida
O passado de um sujeito
Vai eleger neste pleito
Uma alma empedernida
Não tem volta só tem ida
Ao eleger tal ladrão
Pois tem alienação
Eleitor desinformado
Quem vota em cabra safado
Assina um cheque pro Cão
III
Recebe os seus presentes
Vende barato no fim
Seu voto vira chinfrim
Votando nos indecentes
As pessoas mais carentes
Nos guetos da exclusão
Vivendo na precisão
Vendem seu voto ao danado
Quem vota em cabra safado
Assina um cheque pro Cão
IV
Vota em cabra mentiroso
Safardana e traidor
Que se esquece do eleitor
Vai pro banquete o guloso
Tem muito cabra seboso
Por aí na eleição
Que engana o cidadão
Com gesto dissimulado
Quem vota em cabra safado
Assina um cheque pro Cão
V
Promete pra não cumprir
Se não tem um compromisso
No poder virando omisso
Contra o povo decidir
Tem o dom de iludir
Mente na televisão
Seu falar toda ilusão
Pra eleitor abestalhado
Quem vota em cabra safado
Assina um cheque pro Cão
VI
Usa o poder do dinheiro
Distribuindo favores
Os seus colaboradores
São do bando mais fuleiro
Satanás é seu parceiro
Agente do cramulhão
Votar vendido é em vão
E quem o faz um coitado
Quem vota em cabra safado
Assina um cheque pro Cão
VII
São os vermes no poder
Piratas de toda cor
Com discurso enganador
Pro povo não perceber
Seu engodo conceber
Seu ardil na falação
Parasitas da Nação
Poder desmoralizado
Quem vota em cabra safado
Assina um cheque pro Cão
VIII
Oferecendo um céu
Pra depois virar inferno
Usando seu fino terno
Roubalheiras pra dedéu
Fazendo tosco escarcéu
E nem aí pro povão
Esconde sua intenção
Pra enganar o abestado
Quem vota em cabra safado
Assina um cheque pro Cão
IX
São porcos no parlamento
Capatazes dos patrões
As propinas são milhões
Mentira seu instrumento
Quem vota num lazarento
Vai ter a decepção
Ele nega dar a mão
Depois de ser diplomado
Quem vota em cabra safado
Assina um cheque pro Cão
X
Consciência é o remédio
Pra não votar num vampiro
Saber passado eu prefiro
Pra detonar todo assédio
E por abaixo seu prédio
Detonar a enrolação
Do povo é a decisão
Pra ir em rumo acertado
Quem vota em cabra safado
Assina um cheque pro Cão
XI
Ver apoios da campanha
Quais interesses defende
Querer saber não ofende
Pra evitar tanta manha
Se um canalha assim ganha
Vai ser uma perdição
Quem vota com pé no chão
Elege um cabra honrado
Quem vota em cabra safado
Assina um cheque pro Cão
XII
O poeta aqui opina
Pra ver seu povo desperto
De olho no porco esperto
Pra ver mudar sua sina
Não votar mais na rapina
Fazer a transformação
Se não faz revolução
Dar voto certo é arretado
Quem vota em cabra safado
Assina um cheque pro Cão.

sábado, 2 de agosto de 2008

NAQUELE DIA EU BROCHEI



I
Dia de segunda-feira
Eu sempre naquele bar
Lá no Pátio de São Pedro
Pra minha turma encontrar
Como eu os trovadores
De violão tocadores
Só coisa boa a tocar
II
“Meu Refúgio” era o lugar
Onde meu povo ficava
Um deles no cavaquinho
Belos chorinhos tocava
Sem claque de auditório
O talentoso Tenório
Ali nas cordas mandava
III
Ali do lado eu estava
Duas mulheres entraram
Uma coroa e uma nova
E bem do lado sentaram
Ouvindo o nosso som
Acho que acharam bom
Pediram se aproximaram
IV
Meus olhos então brilharam
A mais nova assim chegou
Pediu uma do Roberto
E esse poeta tocou
Era sim muito vistosa
Bem feita e muito gostosa
O cabra aqui se ligou
V
Meu amigo nos deixou
Teve que sair embora
Despediu-se educado
Pegou a reta pra fora
Foi cuidar das coisas suas
Eu ali com essas duas
Duas da tarde era a hora
VI
E assim sem mais demora
A coroa foi também
Eu ali com a mocinha
Pensando: vou me dar bem
O clima foi esquentando
Eu proseando e cantando
Conversa vai também vem
VII
Eu tinha algum vintém
Dava pra gastar direito
Aquela mulher bonita
Belas coxas e cada peito
Fazendo chamego nela
Uma e outra pegadela
E a coisa pegando jeito
VIII
Ela ajeita, eu ajeito
A moça me convidou
- Vamos pra um lugar “mais calmo”?
Meu pau na calça pulou
Era pra um restaurante
Dali não muito distante
No AIP que rolou
IX
A gente ali chegou
Vixe que vista bonita
Eu chamegando com ela
Com xaveco e rola aflita
Tasquei-lhe um beijo arretado
De língua doido e molhado
Tesão que coisa bendita
X
Saudade da periquita
Eu num atraso do cão
Algum tempo separado
Com muitos calos na mão
Eu ali fungando junto
Ela mudou de assunto
Foi dando uma explicação
XI
- Escuta aqui ô paixão.....
Disse ela bem manhosa
Hoje é segunda-feira
Dia de ser preguiçosa
Nesse dia não trabalho
Eu passeio, durmo ou malho
Ou bebo loura espumosa
XII
E continuou dengosa:
- Achei você tão legal
Educado e carinhoso
Etc. coisa e tal
Mas lá onde eu “batalho”
Pro cabra quebra seu galho
Eu cobro é “cinqüenta pau”
XIII
De você “vinte real”
É quanto que vou querer
Eu fui com a sua cara
Tocou pagou pra eu beber
Aí, tudo acabaria
Como ducha de água fria
Na chama quente a arder
XIV
-“Onde nós vamos meter?”
Disse assim bem desbocada
Eu disse: -mudei de idéia
Ela ficou bem irada
Deixe de ser pirangueiro
Eu vi, você tem dinheiro
Carteira bem recheada
XV
Eu disse pra essa danada
Menina veja o coroa
Descasado e tão carente
E vendo mulé tão boa
Eu pensei ter conquistado
Mas iludido e abestado
Imaginei coisa à toa
XVI
Olhe pra minha pessoa
Bonito, forte e sabido
Não preciso pagar gente
Pra aliviar tal libido
Menina linda me escuta
Se eu quisesse prostituta
Noutro lugar tinha ido
XVII
Eu ali sem alarido
Veja que situação
Eu pensei ser bola cheia
Mas no fim outra ilusão
Romance ali? Que nada
Encontrei uma folgada
Quenguinha por profissão
XVIII
Ela vendo eu dizer não
Dizendo não me entender
Como que um cabra macho
Desistindo de fazer
Com desconto e bem barato
Amor barato de fato
Impropérios foi dizer
XIX
- Que cabra frouxo é você?
Correndo duma mulé
Coitada não entendia
Como a coisa toda é
Na mesa do lado estava
Outro cabra que escutava
Ouvindo de orelha em pé
XX
Chamei garçom Seu José
Pra minha conta pagar
O cabra de olho nela
Eu disse: - pode encarar
Ela se foi ligeirinha
Pra mesa dessa morrinha
Ali pra negociar
XXI
Eu fiquei a matutar
Um pensamento na mente
Deixe a moça e o cabra
Fornecedora e cliente
Na profissão mais antiga
Mas procurar rapariga
Quem for macho incompetente
XXII
Quero uma trepada decente
Na vida assim me toquei
Não recrimino quem busca
Mas outra meta eu tracei
Fiquei sem gás, nem pra bronha
E conto aqui sem vergonha
Naquele dia eu brochei
XXIII
Com putas muito transei
Quando era mais menino
Não sabia me virar
Era sem graça e franzino
Mas depois melhoraria
De outro modo faria
Teria outro figurino
XXIV
Assim o verso eu termino
Palavras aqui não somem
Você que faz como quer
Dilemas que nos consomem
Ô perguntinha mais tola
O homem que tem a rola?
Ou ela é que tem homem?