domingo, 23 de dezembro de 2012

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

DEMANDA REPRIMIDA



Respondendo pra uma amiga que algum sacana deixou molhadinha e não terminou o serviço que começou.

De deixar alguém na mão
Coisa que sempre apavora
Acender assim vontade
Que de nós se faz senhora
E de nós assim abusa
Vem agita, vai, não usa
Põe tesão e pula fora

ENGULHOS

POR MARCELO MÁRIO DE MELO

Me engulha ver no Nordeste cordelistas passadistas da metrópole
insistirem na temática da roça e cordelistas da roça chamarem beija
flor de colibri. Me engulha a caricaturização do matuto nordestino. Me
engulham peças publicitárias e eventos no centro da cidade em que se
fala em “arraiá” e “capitá” e se chama mulher de “mulé”. Me engulha a
heroicização de Lampião e dos cangaceiros. Me engulha a santificação
do padre Cícero e de Frei Damião. Me engulha o discurso do “cabra da
peste”. Me engulha o frevo lamuriento e saudosista com binóculos de
anteontem. Me engulha reduzir a cultura nordestina à cultura do
açúcar. Me engulha a seita gilbertofreyriana. Me engulha o
regionalismo sem antenas. Me engulham as igrejinhas culturais e
vitalícias bafejadas por jetons. Me engulham as subigrejas
alternativas pejadas de gurus e séquitos.

Me engulha a terminologia conservadora em que os patriarcas
empoderados são “probos” e as rebeliões do passado são epigrafadas
como “irredentismo”. Me engulha a copidescagem do passado para retocar
biografias. Me engulha a arrogância do “cientista político” emitindo
opinião comum com aura de verdade absoluta. Me engulham o racismo
disfarçado o elitismo disfarçado o autoritarismo disfarçado. Me
engulha a arrogância de gerações de netos e avós. Me engulham o culto
e o desencanto ante o passado. Me engulham o falso moralismo político
por parte dos corruptos e a transigência com a corrupção apoiada na
denúncia do falso moralismo político.

Me engulha o charlatanismo intelectual de mudar a terminologia e
continuar em óticas e práticas nos velhos moldes. Me engulha o culto
do meio termo com ar de maturidade e equilíbrio. Me engulha a
fraseologia edulcorada e sem quinas. Me engulha o uso elástico e
difuso dos termos “povo” “cidadania” e “elite”. Me engulha o
esquecimento da identidade de classe quando se trata de cidadania. Me
engulha a deformação do sentido da palavra radical e a renúncia à
radicalidade no verbo e na vida. Me engulha a retirada de cena da
palavra revolução.

Me engulham as bandeiras de orgulho ante-sala da arrogância. Me
engulham utopias dogmas e mitos políticos. Me engulha uma sociedade
modelo pedras de dominó enfileiradas guardadas em caixinhas iguais
trens seguindo nos mesmos trilhos espaços fechados sem jardins
plurais.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Dois pesos duas medidas

Falam mal do candomblé
Os fascistas fariseus
Criticando os rituais
Desses entes mais plebeus
Preconceito um estrupício
Não detonam sacrifício
Que também fazem os judeus

Os rastafaris da Jamaica tem na maconha seu elo de ligação com Jah, seu deus. Os católicos celebram sua santa missa com vinho.

Falar mal de qualquer crença
É a coisa mais bisonha
O tal etnocentrismo
Como coisa tão tristonha
Cada um com seu caminho
Os católicos com vinho
Rastafaris com maconha

Existe quem tem a fé
E em algo acredita
O ateu desacredita
Cada um faz o que quer
Mas a razão é mister
A toda hora convém
Existe o mal e o bem
Do destino as artimanhas
A FÉ REMOVE MONTANHAS
TERRAPLENAGEM TAMBÉM

Tem cristão tem muçulmano
Tem judeu e tem budista
Tem hindu e umbandista
Tem fanático e insano
Cada um tem o seu plano
É um grande vai e vem
O radical tem desdém
E fala coisas estranhas
A FÉ REMOVE MONTANHAS
TERRAPLENAGEM TAMBÉM

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012



Identidade nordestina quilombola.

Essa parte do cangaço estou fora, porque no sangue eu trago mesmo é o Quilombo dos Palmares, que de longe supera essa desgraça de banditismo que muitos tomam pra si como paradigma de revolta social.O movimento de Canudos , foi muito mais visceral em termos de proposta social do que a vida bandida que esses bandos de gente sanguinária e degenerada que andaram espalhando o crime e o terror pelo sertão. Minha identidade nordestina, é de guerreiro quilombola lutando por liberdade e dignidade de cidadão,nunca de cangaceiro ladrão, assassino e estuprador.