quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Glosas a partir de estrofe do Poeta Onildo



I
Jesus pregou caridade
Seu reino não foi negócio
Mas Jesus tem muito sócio
É uma temeridade
Onildo com claridade
Esmiuçou a questão
Um Cristo que sem cifrão
Anunciou nova era
Quem reparte o pão prospera
Pode herdar a salvação
II
A caridade cristã
Foi o ensino do Cristo
E nesse mote insisto
Versejando num afã
A cristandade irmã
Aprendeu nova lição
Dom Helder em sua ação
Foi cristã da mais sincera
Quem reparte o pão prospera
Pode herdar a salvação
III
Tereza de Calcutá
Foi exemplar nesta vida
Sua obra concebida
Que veio para ficar
A madre no seu falar
Honrou a religião
Sincero seu coração
Onde a miséria impera
Quem reparte o pão prospera
Pode herdar a salvação
IV
São Francisco de Assis
Comoveu-se ao ver pobreza
Renunciou da riqueza
E atuar assim quis
Foi um cristão na raiz
Como santo teve unção
Neste mundo de exclusão
A fome é a triste fera
Quem reparte o pão prospera
Pode herdar a salvação
V
Anchieta um outro santo
Viveu com intensidade
Percebeu com claridade
Fez do Brasil o seu canto
A palavra foi seu manto
A fé á luz da razão
Quem ao índio deu a mão
Foi real não foi quimera
Quem reparte o pão prospera
Pode herdar a salvação
VI
Irmã Dulce na Bahia
Grande obra que erigiu
Uma santa no Brasil
Religiosa foi guia
E em tudo que fazia
Dos pobres a redenção
As chagas dessa opressão
Só caridade não zera
Quem reparte o pão prospera
Pode herdar a salvação
VII
Foi Antônio Conselheiro
Baseado em misticismo
Enfrentou coronelismo
Neste sertão brasileiro
Foi beato foi guerreiro
Calado pelo canhão
E sofreu excomunhão
Por uma elite pantera
Quem reparte o pão prospera
Pode herdar a salvação
VIII
Repartir os bens da terra
Zumbi nos Palmares fez
Foi dizimado de vez
Pelas armas numa guerra
A fome no mundo berra
Pede por transformação
No voto ou revolução
A consciência pondera
Quem reparte o pão prospera
Pode herdar a salvação
IX
Mas Jesus é bem vendido
Como se fosse produto
Que disso faz usufruto
Mercenário empedernido
Um cristão esclarecido
Percebe a enganação
Quem faz tal exploração
O fim do mundo acelera
Quem reparte o pão prospera
Pode herdar a salvação
X
Eu não professo tal fé
Mas sou poeta humanista
Li coisas de marxista
E vejo com dá pé
Quem explorar a ralé
Com milagres de invenção
Com exus de encenação
O fanatismo assim gera
Quem reparte o pão prospera
Pode herdar a salvação
XI
Respeito fé verdadeira
A desses cristãos sinceros
Que com seus modos austeros
Fazem obra alvissareira
Mas a lorota rasteira
De que só visa ter quinhão
Pra acumular de montão
Assim bombar sua galera
Quem reparte o pão prospera
Pode herdar a salvação
XII
Onildo fez esse mote
Sem querer lá no ORKUT
No cordel que repercute
Eu fiz ligeiro num bote
Exercitando meu dote
Escolhi por profissão
As cordas de um violão
Quem tem não se desespera
Quem reparte o pão prospera
Pode herdar a salvação

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