quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Melindrada.


Não censures meu jeito rude e bruto
De dizer o que penso tão somente
Iludir é o dom de quem lhe mente
De um modo sutil e tão arguto

Se pro modo servil nunca permuto
É porque aprendi sobrevivente
Neste mundo lupino e decadente
A moral já morreu sem deixar luto

Mas eu digo à luz de uma verdade
De olhar no olhar sinceridade
Expressar o que pede tal momento

Pois no fundo sincero muito gosto
E assim que diante a ti me posto
Ao abrir coração e sentimento

ALLAN SALES

Recife, 01 de fevereiro de 2013.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Estrofe para amada Cacique Lucélia Pankará



Enfrentar encarar e ter virtude
É escolha que nós assim fazemos
E assim tudo nós superaremos
Só depende de nossa atitude
De viver e na mente ter saúde
Detonar quem nos for assim algoz
E fazer e valer a nossa voz
Superar sem temer quaisquer dilemas
Somos nós sempre donos dos problemas
Os problemas não são donos de nós

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Espírito de grupo.



No Colégio da Polícia Militar de Pernambuco uma coisa que era forte demais entre os alunos era o espírito de grupo, como toda escola militar atividades grupais eram por demais presentes. Primeiro por sermos educados no protocolo militar, ordem unida era uma coisa que fazíamos com freqüência, de modo que alguém defasado da performance da tropa era algo que não era interessante pra ninguém. Além disso, a prática intensa de atividades esportivas, o que era pra gente um elemento deveras agregador. Havia, é bem verdade gente que não se batia muito bem com outro ali dentro, muitas vezes as vias de fato aconteciam, eu me lembro de brigas horríveis, quando uma vez dois desafetos se pegaram na porrada em plena formatura, um deles saiu com olho fechado e roxo do tremendo soco que levou.

Mas quando a coisa era externa, algum dos nossos era vítima de qualquer agressão, quem estivesse por perto entrava com tudo e não pensava muito nas conseqüências. Havia uma rixa histórica com o Colégio Militar do Recife (CMR) que era do Exército Brasileiro. O pau sempre cantava em competições esportivas, muitas vezes o Parque 13 de maio foi palco de cenas de pugilato entre os nossos, apelidados por eles de carteiros( nossa farda na época parecia com a farda dos correios), e os galos de campina, como nós os chamávamos por causa da boina vermelha deles.

A maior das nossas brigas que eu soube foi em 1974, em plenos jogos estudantis, o colégio jogava uma partida classificatória de handebol contra o Colégio São José. Isso acontecia de tarde depois das 15h, nosso comandante resolveu liberar os alunos do turno da tarde das aulas para que pudessem ir até o ginásio do SESC, ali bem perto em Santo Amaro, torcer pelos colegas. Os jogos, famosos JEP’s, tinham uma cultura de arbitragens favorecem os colégios mais ricos da cidade, no caso, os colégios mantidos por religiosos católicos, essas escolas, para atrair parcelas de jovens de classe média abastada, investiam demais em esportes como uma janela marqueteira.

Antes da nossa turma chegar para torcer, eram mais de cem, o jogo já rolava, a porrada comendo solta, contra nós é claro. Os juízes fazendo vista grossa, os nossos atletas reclamando em vão da miopia dos caras, a roubalheira acontecendo. Claro que pavio curto era nossa característica mais marcante, quando dos nossos mais esquentados do juízo revidou uma pancada que levou. A briga começou na quadra, os alunos do colégio adversário que assistiam ao jogo,entraram na quadra para trucidar nossa equipe. Justamente nessa hora chegou nossa tropa de choque, fechou o tempo, os caras tiraram os cintos da farda que tinha uma fivela metálica, e improvisaram uma soqueira com a qual passaram a espancar jogadores, técnicos, torcida adversária e quem mais aparecesse pela frente.

Chamaram a PM para acalmar a situação fora de controle que virou o Ginásio do SESC. Naqueles nos 70, quem era ao mesmo tempo tropa de choque, CIOE, ROCAM era o Batalhão de Rádio Patrulha. Os praças da RP chegaram e desceram o pau também pra apartar a briga, menos nos nossos porque éramos da mesma corporação, ali no meio tinha filho de oficiais da PM,de colegas dos caras, e eles não queriam ariscar dar porrada em menor de idade fardado de milico.

Foi a maior merda, o coronel comandante soube, mas não puniu ninguém, quem nos puniu foi o órgão estadual que organizava os jogos estudantis, suspendendo nosso handebol por dois anos das competições oficiais. Dias depois, havia um jogo de futebol de salão na quadra Colégio São José, com o time da casa jogando contra nossos rivais do Colégio Militar do Recife, os galos de campina. Na arquibancada muitos colegas nossos assistindo à partida, quando o pau começou a cantar na quadra, como os nossos congêneres tomando uma sova homérica por estarem em menor número. Nossos colegas se apiedaram dos galos de campina entraram na quadra pra defender os brios militares ali cobertos de porradas. Isso é que espírito de grupo, dessa vez não chamaram a RP pra acalmar.

Outras águas


Água é uma questão
Mas não é por si raiz
O sertão tem pouco dela
Amazônia é mais feliz
Muita água existe nela
Mas seu povo se revela
O mais pobre do país

Amazônia grandes rios
O Nordeste menos água
Mas aqui pouco deságua
Nos mandantes nobres brios
Poderosos sempre frios
Fazem povo um infeliz
A verdade dura diz
Ao mostrar triste mazela
O seu povo se revela
O mais pobre do país

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Mote dos Nonatos e glosas de Allan Sales




Valdemiro,Edir e o Malafaia
Todos são ao seu modo mercadores
Que dizem da fé reais pastores
Mas não são e não saem desta raia
Uma fé de negócios que se espraia
De explorar o evanjeque e pobretão
Extorquir e assustar na lei do cão
Pois Jesus que eles dão não é de graça
NO COMÉRCIO DA FÉ JESUS NÃO PASSA
DE UM PRODUTO VENDIDO À PRESTAÇÃO


Um exu é expulso a cada instante
Na igreja que baixa pombagira
Um encosto na hora o pastor tira
E o irmão estrebucha delirante
A platéia delira esfuziante
É um show duma fé encenação
Aleluia Jesus dá salvação
Sacolinha de novo se repassa
NO COMÉRCIO DA FÉ JESUS NÃO PASSA
DE UM PRODUTO VENDIDO À PRESTAÇÃO

Na TV falam mal dos umbandistas
De qualquer outra fé que não a sua
E assim seu reinado perpetua
Os pastores senis e tão fascistas
E as crenças de outrem tão mal vistas
Condenadas assim à danação
Pra pastor se fartar com seu quinhão
Pregação que só pobre burro laça
NO COMÉRCIO DA FÉ JESUS NÃO PASSA
DE UM PRODUTO VENDIDO À PRESTAÇÃO

Seus canais pra falar de intolerância
Sua fé que propaga os preconceitos
Postulados fascistas vis conceitos
Propagar por aí a ignorância
Pois o fazem assim com arrogância
Mercadores da fé da enganação
Todo falso profeta é um ladrão
O que faz bem no fundo é só trapaça
NO COMÉRCIO DA FÉ JESUS NÃO PASSA
DE UM PRODUTO VENDIDO À PRESTAÇÃO

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

MENTE CRIMINOSA




Coisas que a teoria nos mostra de forma conseqüente,mas que quando isso ocorre em nossa vida ao vivo e cores as coisas tornam-se avassaladoramente claras. Nesse caso, eu já havia lido acerca do funcionamento de mentes criminosas, uma de suas principais características é a total indiferença do criminoso com relação à vítima, que na visão de gente que tem essa perversão, nada mais é um obstáculo entre o criminoso e o objeto do seu desejo que a vítima pode lhe proporcionar.

Em 2010 eu participava de um projeto do amigo Walmir Chagas, o famoso Véio Mangaba, chama-se banco de feira, um programa de rádio exibido ao vivo dos mercados e feiras da região metropolitana do Recife. Antes disso havia um programa de debates acerca de assuntos de interesse social com temas como violência urbana, educação popular, drogas etc. Depois do debate, a opinião dos presentes nos locais públicos era consultada, de forma que os dois programas se fundiam e ao final uma programação cultural de música ,poesia e tudo mais que a criativa produção pudesse inventar.
Esse programa em questão de que vos falo aconteceu na Colônia Penal Feminina do Bom Pastor, realizado num auditório para uma assistência de pouco mais de cento e cinqüenta detentas, as consideradas de melhor comportamento, instalado no espaço do pátio do presídio um serviço de som transmitindo pras demais o programa gerado por lá.

O que me chamou atenção foram três mulheres presas que o Walmir entrevistou. A primeira, de cerca de quarenta e cinco anos, declarou que estava presa por crime de estelionato que cometera como cúmplice de um namorado vinte anos mais novo que ela, disse que fora influenciada pelo homem e que lesara inclusive pessoas de sua família. Declarou-se convertida a uma igreja evangélica, que era educadora social dentro do presídio e que esperava exaurir sua pena para reintegrar-se de forma digna ao mundo fora da cadeia. Sóbria, centrada, fala bem articulada,demonstrou sinceridade em seu arrependimento.

A segunda, muito nova com menos de 25 anos, com um bebê de quatro meses que tivera ali mesmo na colônia penal, fora presa por tentar levar entorpecentes para seu companheiro no presídio Aníbal Bruno. Contou que fazia teatro, era poetisa e pediu para encenar um monólogo de sua autoria, coisa que fez super emocionada, arrancou aplausos esfuziantes de suas colegas e algumas lágrimas de outras, ao final, ela desabando em choro dizia que seu maior desejo era cumprir sua pena, sair daquele lugar e educar seu bebê. O próprio Walmir em clima bem paternal a consolou ali mesmo nesse momento por demais tocante.

A terceira, devia ter perto de cinqüenta anos, vestida de calça jeans bem apertada rasgada nos joelhos, cheia de tatuagens nos dois braços, vestia uma camiseta cavada , e tinha os cabelos em três cores: louro de tintura, preto original e outros fios grisalhos. Walmir resolveu em clima jocoso entrevistar a veterana das presidiárias, perguntou pra ela:- e você, que deve ser mais madura delas, o que fez para estar aqui? Ela, com ares bem cínicos disse:- é a quinta vez que sou presa, acontece que quando estou lá fora, quando vejo alguém com um carro novo e bonito, eu penso logo que o carro é meu, boto uma arma na cabeça e arrasto. Disse isso com tanto prazer e tanta falta de noção, que na hora o produtor mandou por um comercial no ar e dar um intervalo, dado o grau de mal estar que essa criatura causou no ambiente que estava num clima elevado pelos dois emocionados e sinceros depoimentos das duas mulheres que falaram antes.

Foi nesse dia que eu finalmente conheci em pessoa uma mente criminosa, isenta de culpas e remorso de tudo que faz, temos isso em todos os estanques da sociedade, os piores vestem terno, tem mandatos parlamentares, comandam igrejas caça níqueis, publicam nojeiras em mídias vendidas e calhordas, posam de guardiães da democracia e querem vender o Brasil com o povo dentro dele.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Bolsa de Mulher

http://www.youtube.com/watch?v=MKVcVWIAZUI

“Contemporaneidade”


I
Carlos Pena fosse vivo
Acharia tão ruim
Pois seu velho Bar Savoy
Hoje em dia está assim:

- São trinta copos de chope
- São trinta homens sentados
- Quinze deles são michês
- Os outros quinze os viados
II

Na Marim do Caetés
Seria bem diferente
Pois Bar Savoy lá não tem
Tem Marola lugar quente:

- São trinta copos de chope
- São trinta doidos sem rumo
- Quinze deles quando saem
- Vão ali queimar um fumo

III
No Coque e Joana Bezerra
João de Barros Santo Amaro
Já não são copos de chope
Cujo porre sai bem caro:

- São trinta copos de cana
- São trinta cabras lascados
- Vinte nove quando correm
- Porque um foi baleado
IV
Já na praia do turismo
Carlos Pena chegaria
Entocaria o relógio
Celular e a mixaria:

- São trinta louras geladas
- Na areia a diversão
- Mas ninguém encara a água
- Com medo de tubarão

V
Carlos Pena certamente
Vê tudo isso do além
Na Pracinha do Diário
Bem diferente também:

- São trinta, não bebem chope
- São trinta que enchendo a cuia
- Trinta vezes dez por cento
- E um pastor diz aleluia.

ALLAN SALES


UNIÃO DA EUROPA É PEIA...




União dos europeus
Nessa hora se incendeia
Alemanha afia as garras
Dona Merkel o pau arreia
E a massa mais plebléia
União ? não européia
União do euro é peia

A Espanha bem fudida
Portugal que não vai bem
Grécia com pouco vintém
Muita gente combalida
França busca uma saída
Tio Sam nem se aperreia
China faz a sua ceia
O Brasil só de platéia
União ? não européia
União do euro é peia

Os países na pendenga
Cai não cai Itália vem
Essa crise a quem convém
De Europa ver capenga
Bota OTAN em outra arenga
Tio Sam o caos não freia
E a merda ali campeia
De saída sem idéia
União ? não européia
União do euro é peia

Antes foi a soberana
Pelo mundo saqueou
Muito ela acumulou
E ainda hoje afana
Na pilhagem africana
Ela ainda põe areia
Pra fazer seu pé de meia
Nesta triste odisséia
União ? não européia
União do euro é peia

Ó Europa de piratas
De cultura refinada
O teu Euro dando em nada
E findando as mamatas
A direita com bravatas
Teu império não refreia
Se não já capitaneia
Ó Europa tu és véia
União ? não européia
União do euro é peia

Ó Europa bem armada
Legiões da tua OTAN
Aliada a Tio Sam
Ó Europa da cruzada
Pela crise ameaçada
E assim nada clareia
Tudo em volta incendeia
És cristã e não atéia
União ? não européia
União do euro é peia

És Europa dos fascistas
Dos xenófobos valores
Berlusconis teus senhores
És Europa dos nazistas
Europinha dos racistas
Melanina aí rareia
Sangue negro em minha veia
Te enfrenta ó centopéia
União ? não européia
União do euro é peia

Continente tão antigo
Fazedor de tantas guerras
E usurpador de terras
Quem será o teu amigo
Tem um monte de inimigo
E problemas em cadeia
Tudo que desencadeia
Tua ira não debréia
União ? não européia
União do euro é peia

Mas aí os emergentes
A servir de contraponto
Europeu ficando tonto
Com situações urgentes
E iradas tuas gentes
A revolta aí permeia
E por fora serpenteia
Grande China que é atéia
União ? não européia
União do euro é peia

Eu aqui faço cordel
Pra falar dos europeus
Arrogantes fariseus
A romper o seu cartel
Ao romper-se esse anel
Quem olhar de perto creia
Europeu hoje esperneia
E eu sorrindo faço gréia
União ? não européia
União do euro é peia

O Brasil vê isso tudo
Mas também preocupado
Europeu aprerreado
Pois deixou de ser sortudo
Eu aqui não fico mudo
Pois quem sabe não receia
Nem também se encandeia
Nem se vinga qual Medéia
União ? não européia
União do euro é peia

Europeu baixe sua bola
Pense assim no africano
No latino americano
Que o seu sistema esfola
E se teme uma degola
Seu passado triste leia
Crise hoje aí recreia
Modifique a sua idéia
União ? não européia
União do euro é peia

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Vernáculo




Quem escreve desse jeito
Português parco e ruim
Estuprando o idioma
Cuja asneira não tem fim
Tão carente de cultura
Só lhe falta é ferradura
E também comer capim..



Já dizia seu John Lennon
Com seus modos soberanos
Sobre o que a nossa vida
Pode ter tais desenganos
Pois as chances que oferece
Pois a vida é o que acontece
Enquanto fazemos planos

Lennon era arrojado
Com Yoko se casou
E os Beatles sepultou
Pra ficar feliz casado
Sendo ele assassinado
Desvarios mais insanos
Louco fã causando danos
E assim Lennon perece
Pois a vida é o que acontece
Enquanto fazemos planos

Um cantor vate da paz
Esse tal “peace and Love”
Até hoje nos comove
Lennon foi gente capaz
Desde jovem tal rapaz
Encantou americanos
Asiáticos chicanos
Todos lhe dedicam prece
Pois a vida é o que acontece
Enquanto fazemos planos