quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
Cordel dedicado à amiga Taís Paranhos
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Eu sou livre cidadão
Casa grande nem senzala
Minha voz nunca se cala
O destino em minha mão
Um poema e um violão
Nisso eu me fiz capaz
Sou da luta e sou da paz
Não sou cria do opressor
Nem escravo nem senhor
Muito menos capataz
Eu sou filho desta gente
Que viajou em nau negreira
Sou da gente brasileira
Sou da taba combatente
Sou Brasil inteligente
Li Darcy fui contumaz
Sou Brizola e sou Arraes
Nunca fui de ditador
Nem escravo nem senhor
Muito menos capataz
Não sou falso democrata
Nem assecla de tucano
Sou Brasil no mano a mano
Que a verdade pura acata
Meu passado me relata
Mostra o que nos satisfaz
Meu valor ninguém desfaz
Pois sou povo lutador
Nem escravo nem senhor
Muito menos capataz
Sou Brasil de operário
Professor e estudante
Libertário e militante
A pintar nesse cenário
Contra todo sectário
Que mentindo se compraz
Contra abutres tão venais
E o poder de usurpador
Nem escravo nem senhor
Muito menos capataz
Sou alfaia batucando
Sou viola repentista
Sou Brasil de cordelista
Sou Brasil lindo sambando
Sou Brasil se emancipando
Sou Brasil forte assaz
Sou Brasil Brasil demais
Sou Brasil de inventor
Nem escravo nem senhor
Muito menos capataz
Sou Delmiro e sou Mauá
Sou também Abreu e Lima
Castro Alves de obra prima
Lia de Itamaracá
Sou Zé Brown e sou Naná
Sou Palmares tão veraz
Sou Canudos sou tenaz
Sou Brasil libertador
Nem escravo nem senhor
Muito menos capataz
Paulo Freire me educou
Josué me deu seu lastro
O burguês sacana eu castro
Galeano alumiou
Se Buarque anunciou
Vamos nós correr atrás
Como os tupinambás
Enfrentando o agressor
Nem escravo nem senhor
Muito menos capataz
Falo com Tais Paranhos
Com as de Tejucupapo
Muita ação e pouco papo
Só libertos nossos ganhos
O passado deu-nos lanhos
De dobrar foi incapaz
Pois quem sabe certo faz
É de si o construtor
Nem escravo nem senhor
Muito menos capataz
Sou daqui do Pernambuco
Mas nasci no Ceará
Fiz aqui meu bê-a-bá
Opressor aqui retruco
Nesta terra de Nabuco
De Gregório e tantos mais
A coragem é nosso gás
Nosso sopro redentor
Nem escravo nem senhor
Muito menos capataz
Sou Zumbi lá em Palmares
Sou do xote e do baião
Sou Dom Hélder bom cristão
Sou Recife destes mares
Das alfaias batucares
Sou nordeste assim primaz
Contra força mais voraz
A roubar trabalhador
Nem escravo nem senhor
Muito menos capataz
Sou um filho desta terra
Consciente do papel
Nas veredas do cordel
Cuja força nunca encerra
Um soldado nesta guerra
Resistir ao ladravaz
O poder dos marajás
Não será mais vencedor
Nem escravo nem senhor
Muito menos capataz
Brasileiro e nordestino
No cordel no itinerário
A brilhar neste cenário
De cigano e peregrino
Nas estradas do destino
Todo dias assim refaz
Ó futuro assim virás
Pra pintar com nova cor
Nem escravo nem senhor
Muito menos capataz
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