segunda-feira, 21 de maio de 2012
SOBRE O CORDEL
Eu só conheço dois tipos de cordel que não classifico como novo ou velho. Cordel pra mim tem de dois tipos: ruim e bom. É claro que em tempos ancestrais, publicar era algo bem mais difícil, o nível de acesso à informação era bem menor, de forma que pouca gente se atrevia a publicar algo que se desse o nome de cordel, havia mais qualidade pelas obras ancestrais que tive oportunidade de ler. Hoje, com o advento do acesso às tecnologias digitais, qualquer um pode fazer do seu PC uma editora, como eu mesmo faço.
Conheço muito cordel e cordelistas contemporâneos de qualidade, embora reconheça que andei lendo muita bobagem, coisas sem o menor apuro técnico, assim como coisa com apuro técnico isenta de poeticidade, poesia é algo muito além de métrica e rima. O cordel, como tudo neste mundo é contextualizado.
E os tempos não voltam mais, como diz o mote, o que interessa é que as pessoas que realmente levam o cordel a sério, sem corromper a tradição e a técnica, assim como sem negar a contemporaneidade de novas temáticas e abordagens tenham o devido espaço e crédito, já que o que é isento de valor estético por si mesmo não se sustenta como obra de arte. Meu cordel não tece loas ao cangaço de Virgulino e sim aos quilombolas de Zumbi, assim como não entra no séquito dos que canonizam o padreco polêmico e mundano de Juazeiro do Norte, também não culpa a seca como vilã única das mazelas sociais, a cerca do latifúndio é o foco dessa crítica, os puristas, passadistas e similares não apreciam, mas, mesmo assim continuo escrevendo um cordel de um nordeste além deste estabelecido por uma tradição escolástica, metafísica determinista, não científica e dialética.
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