sábado, 19 de maio de 2012

Meu amigo Aderaldo Luciano



Tive o prazer de conhecer na bienal do livro meu confrade Aderaldo Luciano, PHD em letras pela UEFRJ, cordelista de boa cepa, um guerreiro que luta ferozmente pelo reconhecimento dos meios acadêmicos e órgãos oficiais de cultura da historicidade e excelência estética da literatura de cordel, muitas vezes excluída, outras tantas tratada como uma arte menor, circunscrita no universo do pitoresco e do “folclórico” na pior acepção que esta palavra pode ter.
Num país de tradição bacharelesca, a academia é quem põe o selo de qualidade dos que

devem ou não ser aceitos pela corte dos que ditam os paradigmas estéticos da sociedade de classes, onde tudo que vem da alma do povo é antes tem que ser analisado, dissecado, submetido ao julgo dos doutos, e, se possível domesticado para não contrariar os ditames de quem domina política e economicamente o restante de todo corpo social. Hoje a luta dele com gestores da Biblioteca Nacional, que pra não fugir da regra geral, anda dando o mesmo tratamento se sub dimensionar a importância de nossa literatura de cordel como produto cultural refinado e dos mais autênticos que criou e ainda cria o bravo povo do meu querido Brasil.
Seu doutor literato bem postado

Quem possui tanto dom por ler ciência
Não demonstra aqui a sapiência
Ao mostrar seu pensar colonizado
Pois a arte do povo meu prezado
Vem de longe pois rompe segue via
Pra ficar pro futuro em alforria
Com você sem você e não importa
O cordel deste mundo abre a porta
Sem ligar pro que diz a academia

Tu que vês sem ser Cego Aderaldo
És um vate de luta com sucesso
Do cordel vai nas vias do progresso
Quem exclui em você não dá um caldo
Vai ficar com bolores como saldo
Nem botando pra fazer a terapia
E Darcy o Ribeiro nos dizia
Pra cultura popular não tem comporta
O cordel deste mundo abre a porta
Sem ligar pro que diz a academia

No geral é seguir poetizando
E fazer como fez grande Leandro
O cordel segue a fazer meandro
Pelo mundo da gente se firmando
E se eles não vão ver estão errando
Vamos nós promover mais cantoria
Declamar publicar com galhardia
Esquecer de quem tem a vista torta
O cordel deste mundo abre a porta
Sem ligar pro que diz a academia

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