quinta-feira, 31 de maio de 2012

ARIANO E O NOBEL

"Eu aceito, mas não disputo. Como não disputei a vaga das academias para as quais fui eleito", comentou Ariano Suassuna, referindo-se à ABL, Academia Pernambucana de Letras e Academia Paraibana de Letras.

Ele me lembra muito o personagem Dom Quixote, no qual Cervantes descrevia uma Europa feudal em franca decadência e seu remanescente da nobreza falida delirando diante da realidade daquele mudo em mutação. Ao contrário de Cervantes, que apenas narrou através de Dom Quixote o declínio do mundo feudal ante as transformações que vieram com as mudanças econômicas e políticas, nosso professor paraibano se comporta como o personagem da literatura espanhola.

Só que Dom Quixote inventava inimigos imaginários nos seus delírios, assim como Ariano de certa forma exagera e fantasia coisas em relação às coisas exógenas à cultura brasileira. Recusou-se a receber um prêmio SHARP, por achar o nome feio. Nacionalismo é algo louvável, mas dizer uma palavra é feia por não ser em nossa língua é demais da conta. Postura que em sociologia costuma ser chamada de etnocentrismo, quando um povo toma sua cultura como paradigma de excelência e de superioridade em relação a outros povos e culturas. Como podemos combater a intolerância cultural neo-colonialista dos povos mais ricos com a mesma postura de negação do outro? As culturas dos povos, segundo preconiza a antropologia e todo conjunto das ciências sociais, não são nem inferiores nem superiores apenas diferentes.

Tem outra situação em que ele desdenha da língua inglesa quando diz que feia a palavra “book”, por ser escrita de um jeito e pronunciada de outro. Quer dizer, não sabe separar o que venha ser repulsa ao imperialismo do mundo anglo-americano, do que vem a ser repulsa a um idioma, que é simplesmente a expressão cultural de povos que como quaisquer outros povos têm sua contribuição na construção da civilização humana.
Podemos combater quem nos vê com olhos fascistas sendo tão obscurantistas e fascistas como eles?

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