quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

BRASIL DOS PACHECOS



baseado em personagem de Eça de Queirós

Neste cordel, feito por sugestão do jornalista Bráulio Brilhante, fala acerca do Mané e do Pacheco, personagem de Eça de Queirós que vive da imagem falsa que faz para os incautos que se deixam levar pelas aparências.

I
Brasil dos usurpadores
Brasil das monoculturas
Brasil tantas ditaduras
Brasil dos enganadores
Brasil compadres favores
O Brasil dos sem vintém
Brasil do povo aquém
Brasil da lama nos pés
Neste Brasil dos Manés
Só Pachecos se dão bem
II
Qual Pacheco do Queirós
Muita gente que age assim
É tanta mente chinfrim
Aliada de um algoz
Voracidade feroz
Cara de pau vai além
Bacharéis sem ter porém
Exigindo rapapés
Neste Brasil dos Manés
Só Pachecos se dão bem
III
O Brasil das aparências
O Brasil das ilusões
Brasil das televisões
O Brasil das audiências
Brasil das conveniências
Brasil nem lastro contém
O Brasil que lhes convém
Marinhos abravanéis
Neste Brasil dos Manés
Só Pachecos se dão bem
IV
Os Manés trabalhadores
Os Manés massificados
Os Manés subletrados
Os Manés vis eleitores
Os Manés consumidores
Os Manés que vão e vem
Os Manés com Deus também
Os Manés de todas fés
Neste Brasil dos Manés
Só Pachecos se dão bem
V
Os Pachecos pregadores
Os Pachecos salvação
Os Pachecos com cifrão
Os Pachecos conversores
Os Pachecos salvadores
Os Pachecos são ninguém
Os Pachecos são alguém
Os Pachecos bacharéis
Neste Brasil dos Manés
Só Pachecos se dão bem
VI
Os Manés com crediários
Os Manés que tem cartão
Manés com televisão
Os Manés brevê de otários
Atrás Pachecos falsários
Aos quais atenção atem
E vão tomar no sedem
Na ilusão dos anéis
Neste Brasil dos Manés
Só Pachecos se dão bem
VII
Os sabidos e os lesados
A caça e seu predador
A platéia e seu ator
Os gestos dissimulados
Aos seus toscos predicados
Os tolos dizem amém
Quem de Pacheco é refém
São hordas de pangarés
Neste Brasil dos Manés
Só Pachecos se dão bem
VIII
São Pachecos encenando
Pseudo sabedoria
Vendendo tal fantasia
Vai este circo armando
Com a fama angariando
Boatos pra mais de cem
Quem embarca nesse trem
Vai ter surpresas cruéis
Neste Brasil dos Manés
Só Pachecos se dão bem
IX
O seu verbo é parecer
Tradução do enganar
Assim ao tolo encenar
Pra o engodo conceber
Esse aí nunca vai ser
Nada muda se intervém
Da mentira traz seu gen
Não vale dobrão de réis
Neste Brasil dos Manés
Só Pachecos se dão bem
X
Pacheco quer ter sucesso
Pacheco quer ser famoso
Pacheco posa garboso
Pacheco quer ter acesso
Pacheco não é confesso
Pacheco quer tem harém
Pacheco a comer xerém
Pacheco que ter fiéis
Neste Brasil dos Manés
Só Pachecos se dão bem
XI
O Mané quer ter vantagem
O Mané ambicioso
O Mané sempre guloso
O Mané só na viagem
O Mané come lavagem
O Mané algoz mantém
O Mané fica neném
Ser Mané é seu víeis
Neste Brasil dos Manés
Só Pachecos se dão bem
XII
Bráulio Brilhante brilhou
Ao mostrar coisas de Eça
Gente porca que professa
Como Pacheco engendrou
Brilhante Bráulio mostrou
De saber um armazém
Um jornalista tão zen
Nos saberes seus lauréis
Neste Brasil dos Manés
Só Pachecos se dão bem.

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