quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

BINÁRIO REPUBLICANO



Para muitos, Lula é reduzido a um fantoche de uma esquerda que ascendeu ao poder após ver cair de podre fantasia neoliberal, crente na onipotência das forças do “deus-mercado”, solução de todos os males, assim como da teoria do “estado mínimo”, eco dos novos tempos preconizados como morte da utopia socialista, adjacente à queda do Muro de Berlim.

Intelectuais que migraram da teoria revolucionária de resistência à ditadura com vistas à implantação do regime socialista, para a social democracia pragmática e reformista do sistema. Isso sem solapar os pilares do sistema econômico injusto e seu estado cartorial capataz do capital predador da força de trabalho sem sensibilidade social, assim como destruidor do meio ambiente e dilapidador dos recursos naturais.


O paradigma de dar mais importância ao PIB em detrimento do IDH ainda permanece na ordem do dia. A equação social não fecha devido ao modelo de desenvolvimento capenga, no qual amplos setores ainda permanecem à margem do consumo. A violência urbana que o diga, com o crescimento do crime organizado ou não, como sintoma mais doloroso da doença social da exclusão.

Em contrapartida, a concentração fundiária, necessária ao modelo de “agro-business” não permite a reforma agrária necessária e até hoje não implementada. Modelo fundiário que ao lado da hegemonia do grande capital são pilares da superestrutura do sistema concentrador de renda ainda vigente, negação da cidadania plena, traduzido num estado deficitário nas ações de educação, saúde, segurança, saneamento,etc.

A classe média, que paga maior parte da conta da derrama tributária, não quer direitos, quer os privilégios da burguesia que ela sonha um dia ainda ser. Paga pela segurança estatal e pela segurança privada, além das benesses dos seus vários condomínios: condomínio residencial, condomínio da educação privada, condomínio dos planos de saúde e condomínios do consumo dos “shopping centers”. Prefere pagar e caro pelo acesso privado aos direitos sociais de saúde , educação e segurança do que se juntar á massa na luta política para estender esses direitos a todos os cidadãos.

A questão é saber até onde o populismo, baseado em políticas de compensação da omissão histórica do estado brasileiro com os mais pobres servirá como tampão da explosão social inevitável, que terá como conseqüência ou uma revolução social verdadeira que resgate as demandas da dívida social paquidérmica, ou um retrocesso autoritário, retomando o sinistro binário republicano de ciclos de populismo seguido de ciclos autoritários, inaugurada pela era Vargas: revolução de 30, Estado Novo, Constituinte de 46, Era JK e Jango, Ditadura de 64, Sarney e a constituinte de 88, Collor e Itamar, FCH I e II, Lula I e II e………………………??

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