terça-feira, 10 de abril de 2012

ROTINA DE TOCADOR DE BOTECO.



Tocar na noite é como ser um garçom que serve música. As pessoas vão na expectativa de ouvir aquilo com o que se identificam, isso varia com idade, origem social , grau de instrução , etc. É muito difícil agradar e /ou atender a todos os pedidos musicais que as pessoas geralmente fazem, muitas vezes sem perceber qual o perfil de quem está se apresentando. É como se pedissem pra comer um sushi estando em cantina italiana.

Felizmente, nos locais nos quais eu me apresento hoje, no Bar do Dedé (sábados,18h, na Vila do IPSEP desde janeiro de 2012) e Mercado da Boa Vista(11:30h,nos domingos desde 2008), os dois públicos são muito educados e compreendem sem grandes polêmicas quando não é possível atender a um desses pedidos. Mas, tem vezes que acontece algo fora desse padrão, tem pessoas que fazem abordagens agressivas e deseducadas quando não compreendem nossa impossibilidade de atender suas demandas , a gente tenta ser diplomata, mas tem hora que tampa da panela de pressão entra em colapso e gente é obrigado a dar uma regulada nesse tipo de gente sem noção.

Pois é, uma vez eu tocava num boteco na Imbiribeira , fazia um repertório de MPB, coisas de nosso Gonzaga ,Alceu Valença, Fagner, Geraldo Azevedo, Chico Buarque, Tom Jobim, Noel Rosa , Pixinguinha etc. Uma dupla de rapazes jovens e bem musculosos, esse tipo que anda em academia malhando, andam com camisetas cavadas,exibindo a marra pro povo. Chegaram pra beber lá e um deles da mesa me pedia para eu cantar uma música de Fábio Junior.Como esse compositor não está listado em meu repertório, eu, educadamente, disse ao jovem que não conhecia peças musicais do mesmo.

Antes de ir embora, um deles veio até meu palco, com toda grosseria peculiar de gente imbecil me disse: - esse seu repertório é uma merda, por que você não aprende as músicas de Fábio Junior? Eu calmamente respondi:- meu amigo, a música que esse cabra faz é pra agradar menininhas retardadas e baitolas. Fechou o tempo, ele só não brigou porque o bar ficava cerca de 150 metros de uma base comunitária da PM.

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