terça-feira, 8 de março de 2011

Padim Ciço não foi santo/Nem herói foi Lampião



Dedico este singelo folheto de cordel ao historiador Frederico Pernambucano de Melo que em recente matéria em nossa imprensa deu importantes subsídios para que fosse escrita esta peça de poesia.
(Allan Sales)

(I)
Triste do povo sofrido
Triste do povo iletrado
Triste do povo explorado
Triste do povo iludido
Triste do povo vencido
Que constrói sua prisão
A verdade vem então
Causa furor e espanto
Padim Ciço não foi santo
Nem herói foi Lampião
(II)
Coronel que usou batina
O outro foi bandoleiro
Eram galos do terreiro
Eram aves de rapina
Pobre gente nordestina
Aceitando empulhação
Cultua mito malsão
Ilusão que tem encanto
Padim Ciço não foi santo
Nem herói foi Lampião
(III)
Servindo à mesma lida
Cada um na sua sina
A história nos ensina
A verdade esclarecida
Ilusão que é vencida
Qual miragem pra visão
O falso mito então
Engana em todo canto
Padim Ciço não foi santo
Nem herói foi Lampião
(IV)
O padre dele coiteiro
Com ele mancomunado
Foi assim patenteado
Pra lutar com o Cavaleiro
Mas este povo cordeiro
Carece de ter visão
Só conhece uma versão
Na verdade põe um manto
Padim Ciço não foi santo
Nem herói foi Lampião
(V)
Herói pra mim Frei Caneca
Herói pra mim Conselheiro
Herói Zumbi Grão Guerreiro
Delmiro Gouveia não peca
Juazeiro é uma meca
Romaria e procissão
O povo humilde de cristão
Gente de todo recanto
Padim Ciço não foi santo
Nem herói foi Lampião
(VI)
Povo sincero acredita
Não tem culpa é inocente
Mas a elite é indecente
Perpetua tal desdita
A verdade está escrita
Mostrando outra visão
Futuros tempos dirão
Mostrando a nós outro tanto
Padim Ciço não foi santo
Nem herói foi Lampião
(VII)
A fé do povo é sincera
Pois leva a vida sofrida
Vê em Deus uma saída
Quando a miséria impera
Hoje em dia noutra era
Vive mesma situação
Fé cega sem ter razão
É lenitivo pro pranto
Padim Ciço não foi santo
Nem herói foi Lampião
(VIII)
Beatos e cangaceiros
Produtos do desespero
São o mesmo exaspero
Nestes sertões brasileiros
São jagunços carniceiros
De “parabellum” na mão
Defensores da opressão
Em quem pia dão sumiço
Não foi santo o Padim Ciço
Nem herói foi Lampião
(IX)
Nordeste terra da gente
Que amamos com certeza
Queremos nossa grandeza
Um futuro mais decente
Olhar o mundo de frente
Evoluir a Nação
Procurar ver a razão
Deste atraso sem espanto
Padim Ciço não foi santo
Nem herói foi Lampião
(X)
Cheguei ao fim da poesia
Enviei minha mensagem
Evoquei nesta imagem
Da verdade mais sadia
Seguindo por outra via
Buscando sempre a razão
Ter a verdade na mão
E fazer dela acalanto
PADIM CIÇO NÃO FOI SANTO
NEM HERÓI FOI LAMPIÃO






2 comentários:

Anônimo disse...

P mim Padim Ciço é santo e lampiao nao foi heroi mas foi valente.

Manuella Epaminondas disse...

boa...
tradução da história
nordestina....

Parabéns

http://manunatureza.blogspot.com/