sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Por isso me orgulho de ser nordestino




Imagem bonita das terras distantes
Vaqueiro cavalo no solo tão quente
A luta do povo que se faz presente
Nas terras tão pobres que dão retirantes
Vaqueiros tão bravos, sertão, são infantes
Do gado correndo atrás tangerino
Sertão e Brasil assim que defino
Nordeste primeiro Brasil foi Nação
São tintas que pintam a cor do sertão
Por isso me orgulho, de ser Nordestino

Vaqueiro nas terras tão secas da gente
Enfrenta com raça espinhos da vida
Caatinga com gado cavalo na lida
Assim fala o verso cordel de repente
Na lida do gado vaqueiro valente
A rês quando foge e ouve seu sino
Atrás ele corre com força com tino
A rês arredia que acaba no chão
São tintas que pintam a cor do sertão
Por isso me orgulho, de ser Nordestino

Sertões brasileiros com necessidade
Vaqueiros na terra também lavradores
A terra na mão de poucos senhores
Arribam com fome inchando a cidade
No sonho da volta pra sua verdade
Sertão o torrão tão seu genuíno
Nordeste arribado de irmão peregrino
Vaqueiro sem laço cavalo e gibão
São tintas que pintam a cor do sertão
Por isso me orgulho, de ser Nordestino

O povo das terras tão secas madrastas
Enfrenta com raça agruras que tem
Resiste transforma com pouco vintém
Na terra injusta dividem por castas
As fomes gerais aí são nefastas
Se a água não corre perece o suíno
Resiste e agüenta rebanho caprino
Quem sabe se muda com transposição
São tintas que pintam a cor do sertão
Por isso me orgulho, de ser Nordestino

Nos veios da terra a água não corre
A chuva demora e chega mirrada
O gado com sede vagueia na estrada
A prece sentida se Deus lhe socorre
A chuva se chega na terra escorre
E cria um veio mirrado tão fino
Mas dá pra nascer a roça eu atino
Que o povo da gente daqui tem noção
São tintas que pintam a cor do sertão
Por isso me orgulho, de ser Nordestino

Sertão nordestino é voz de cultura
Repentes violas nas feiras cordéis
As vozes do povo ditando papéis
De tempo presente pra era futura
Poeta no verso repente fulgura
Na verve do verso certeiro e ferino
Poeta de fé tem cunho ladino
Não perde uma rima em todo quadrão
São tintas que pintam a cor do sertão
Por isso me orgulho, de ser Nordestino

Baiões e xaxados os xotes brejeiros
Sanfonas com foles na verve Gonzaga
Nordeste da gente aí se propaga
Nos cantos dos nossos poetas fagueiros
Que trazem no fole seus cantos brejeiros
Galopam seus foles tal qual um eqüino
Escala perfeita deu fole dá trino
Do modo bonito que fez Gonzagão
São tintas que pintam a cor do sertão
Por isso me orgulho, de ser Nordestino

Nas feiras da terra jabá macaxeira
Cuscuz alfenim também rapadura
Cachaça da boa que dá é loucura
Buchada de bode pirão de primeira
Umbus frutos doces da terra brejeira
Bonecos de barro que fez Vitalino
Cordel a contar quem foi Virgulino
Quem foi Padim Ciço na sua visão
São tintas que pintam a cor do sertão
Por isso me orgulho, de ser Nordestino

Orgulho de ser um filho do Crato
Aqui no Recife eu fiz meu lugar
Nordeste de luta eu vejo brilhar
No verso no toque viola dou trato
Se brigo valente não deixo barato
Pois ser um guerreiro é o meu destino
Aqui nesta terra eu desde menino
Me fiz um poeta em verso e canção
São tintas que pintam a cor do sertão
Por isso me orgulho, de ser Nordestino

Orgulho de ser também cordelista
Tocando nas cordas sou compositor
Do verso da terra virei inventor
E desde novinho sou violonista
Por hora um ateu já fui kardecista
Não gosto de cabra safado e suíno
Nem gente escrota no verso fulmino
Não voto em reaça canalha e ladrão
São tintas que pintam a cor do sertão
Por isso me orgulho, de ser Nordestino

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