terça-feira, 4 de maio de 2010

Mote de Jorge Santos




I
Ser humilde meu senhor
É receita pra viver
Ser humilde e perceber
Qual o seu real valor
Ser um falso é estupor
É buscar a vilania
O caminho da porfia
Quem cultiva a falsidade
Não me falta a humildade
Só me falta a hipocrisia
II
Sendo falso não prospero
Se eu sou dissimulado
Orgulhoso e abestalhado
Isso nunca eu espero
Tal pendor me exaspero
Corro dessa tirania
A virtude que se cria
É o caminho da verdade
Não me falta a humildade
Só me falta a hipocrisia
III
Um poeta do improviso
Que mostrou na internet
Que tal farsa se repete
Que o falso é cabra liso
Escorrega e sem aviso
Seu ardil que ele cria
Orgulhoso todavia
É uma temeridade
Não me falta a humildade
Só me falta a hipocrisia
IV
Este mundo de poltrões
De arautos do orgulho
Essa gente é um bagulho
Sacripantas mandriões
São pascácios falastrões
Satanás por companhia
Inimigos da alforria
Cancros da sociedade
Não me falta a humildade
Só me falta a hipocrisia
V
Vejo tanta decadência
Travestida de sucesso
Este pútrido processo
A beirar tosca demência
Falta tanta competência
A sobrar verborragia
Na moral tal sodomia
Falta de capacidade
Não me falta a humildade
Só me falta a hipocrisia
VI
Gente brega tosca e burra
Antropóides consumistas
Pitt Bulls torpes fascistas
Ao abismo tudo empurra
Essa casta tola zurra
Vê o caos cala nem pia
Como é baixa a energia
Vermes da humanidade
Não me falta a humildade
Só me falta a hipocrisia
VII
Bando de filhos da puta
Sócios dessa impudência
Os coveiros da decência
Só cifrão tem por permuta
Alma tosca e prostituta
Que nos mete numa fria
O inferno assim recria
Vivem na impunidade
Não me falta a humildade
Só me falta a hipocrisia
VIII
São asseclas do poder
Lambem botas dos tiranos
Seus pendores subumanos
Com o seu empreender
Desta forma se vender
Pra fartar-se nesta orgia
A esbórnia essa sangria
Nesta biltre insanidade
Não me falta a humildade
Só me falta a hipocrisia
IX
No meu canto espiando
O banquete dos chacais
Dos abutres vis venais
Nesta faina se fartando
Eu aqui vociferando
No cordel sem latumia
Outro mundo então queria
Onde reine a probidade
Não me falta a humildade
Só me falta a hipocrisia
X
Caro Jorge meu apreço
Pelo mote ofertado
Na internet meu prezado
Sua lavra não tem preço
Verso tem seu endereço
Rumo a esta porcaria
Que se chama burguesia
Não falei nem a metade
Não me falta a humildade
Só me falta a hipocrisia

Um comentário:

Rosário Pinto disse...

Parabéns! poeta. Conheço os seus versos. Sou responsável pela Cordelteca, da Biblioteca Amadeu Amaral, do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular. Paase pelo Portal - www.cnfcp.gov.br - e veja lá, em Base de Dados e Acervos Digitais. Visite também o Cordel de Saia - http://cordeldesaia.blogspot.com . Estamos querendo reunir a mulherada, mas os homens são muito bem vindos. Abraço, Rosário