quinta-feira, 14 de junho de 2012

Glosas em mote de Marcelo Mário de Melo.



Moralista puritano
Desses que nos arrelia
Que só quer na poesia
Ficar no etéreo plano
Qual cruzado mais insano
Com a fala mais irada
Pois a quer imaculada
Delirando na vertigem
Poesia não é virgem
É mulher descabaçada

Foi Marcelo que propôs
Mote de difícil rima
Virgem que sempre sublima
Pouca gente assim compôs
Louca rima se supôs
Encarar dura parada
De ver virgem bem rimada
Virginal verso na origem
Poesia não é virgem
É mulher descabaçada

Procurei rima pra ela
Só achei bem parecida
E assim nessa investida
Versejei querendo ela
Uma virgem muito bela
De uma forma inusitada
De ver bem inaugurada
De sua gruta não me alijem
Poesia não é virgem
É mulher descabaçada

Virginal moral no tema
Pra que tanta santidade
Onde há tal virgindade
Se o desejo dá poema
Eu não vou ver um problema
Deixar gente magoada
Se dou uma extrapolada
Os babacas se afligem
Poesia não é virgem
É mulher descabaçada

Virgindade é um modelo
Dessa tal moral cristã
E judaica em mesmo afã
Muitos tem real desvelo
Quero virgem nua em pelo
Quero sim bem penetrada
Pelos fluidos irrigada
Onde os tesões se erigem
Poesia não é virgem
É mulher descabaçada

Pra falar sim de buceta
De xoxota e de priquito
E sem dar um faniquito
Como dá todo careta
Moralismo é uma punheta
Mal batida e mal gozada
Reprimida e abortada
Que os tolos sempre exigem
Poesia não é virgem
É mulher descabaçada

Vão pra puta que os pariu
Moralistas de plantão
Eu aqui tenho tesão
Num peitinho e num xibiu
Onde o meu pau subiu
Com vontade de trepada
Quero dar uma gozada
E vocês não me corrigem
Poesia não é virgem
É mulher descabaçada

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