quarta-feira, 21 de julho de 2010

Vivências recentes no agreste de Pernambuco.




Seguramente o homem é o lobo do homem, muito se aproveitam da fragilidade de outrem pra se darem bem em cima. Cerca de um ano e meio atrás eu estive em Garanhuns com estudantes membros da União dos Estudantes de Pernambuco numa atividade deles chamada Caravana Cultural na qual eles desenvolveram atividades de discussão de assuntos pertinentes ao universo de questões do ensino superior no Brasil. Grande Recife, Vitória de Santo Antão, Caruaru, Garanhuns , Arcoverde e Petrolina foram os destinos escolhidos pelos gestores da entidade a serem visitados nas mais variadas escolas de ensino superior tanto públicas como privadas. Eu fui como atração cultural e até escrevi um folheto de cordel acerca dos temas que a caravana cultura pretendeu discutir com as comunidades acadêmicas que ela visitou.

Em Garanhuns foi minha parada final, ali completei o número de apresentações do meu contrato com eles, precisei pernoitar ali mesmo para retornar ao Recife dia seguinte. Estava com meu equipamento de som do lado, de forma que seria de bom alvitre que me hospedasse o mais perto possível da estação rodoviária da cidade. Foi o que fiz, cheguei numa modesta hospedaria para dormir, paguei R$ 15,00 para tal, um jovem rapaz me pergunta de cara se sou solteiro ou casado, ao saber do meu estado de solteiro me oferece a possibilidade de uma companhia feminina remunerada para passar aquela fria noite da cidade das flores. Era menor de idade a criatura, tinha 15 anos, que o rapaz intermediava pra mim na sua incipiente cafetinagem de baixa renda. Recusei a aventura legal e moralmente condenável e fui dormir na hospedaria, ou pelo menos tentar, já que o fundo sonoro da noite foi justamente os textos, funga-funga e geme-geme de um cabra no quarto ao lado com uma dessas mocinhas agenciadas pela hospedaria popular.

Volto a Garanhuns para três dias no XX FESTIVAL DE INVERNO, contratado pela FUNDARPE para ministrar minha oficina de literatura de cordel nos dias 18, 19 e 20 de julho. Ao cabo do primeiro dia, sigo muito cansado do primeiro dia de jornada, justamente para esse mesmo local de várias hospedarias vizinhas da rodoviária, em face do orçamento posto pela minha produtora que negociou minha excursão. Para meu espanto converso com o dono de uma pousada e esse me diz candidamente que parar dormir ali num dos modestos aposentos eu teria de desembolsar a módica quantia de R$ 100,00, ou seja, um ágio de cinco vezes mais do que costuma cobrar em tempos fora do festival de inverno. Ele diz que é por causa do festival, eu naturalmente recusei e ainda disse pra ele antes de ir embora: - eu até toparia dormir aqui por 100 reais, mas só se viesse uma rapariga de brinde. E saí rindo do absurdo e da cara irada desse imbecil subdesenvolvido sem noção.

Fui pra rodoviária matar a tremenda fome que me dava naquela hora, disposto a telefonar para um amigo que tenho na cidade para pedir socorro. Durante a refeição tive a solução com que um raio em minha mente, perguntei ao gentil dono do modesto restaurante da rodoviária qual era a cidade mais próxima onde poderia achar uma pousada que coubesse no meu orçamento. Comprei uma passagem para Lajedo, a cidade que me recomendaram, na estrada, na primeira parada que o ônibus que iria pra Recife parou vi um enorme letreiro escrito dormitório, numa simpática construção branca de um andar contígua a um posto de combustíveis automotivos. Foi lá que parei, em Jupi, pequena e simpática cidade do agreste, na qual pernoitei todos os dias em que trabalhei no XX-FIG. Ao lado um restaurante muito decente onde comi mais um pouco, pois a fome ainda demandava por comida, depois, fui negociar com o frentista do posto, responsável pelo contrato da hospedaria em questão.Um confortável aposento ao preço de R$ 20,00 me foi ofertado, limpo , aconchegante, com banho quente e uma TV ligada numa eficiente parabólica que dava acesso a dezenas de canais bons e muito ruins. Isso tudo sem me oferecerem uma rapariga menor de idade para esquentar as três noites gélidas em que pernoitei na simpática e acolhedora cidade de Jupi.

ALLAN SALES

Um comentário:

Tito Garcez disse...

Olá, boa noite!

Notei que essa foto de minha autoria foi utilizada na postagem. Gostaria de pedir, então, que a mesma receba uma legenda com meu nome. Eu a publiquei aqui: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=575002

Desde já, agradeço a atenção!

Abraços,
Tito