quarta-feira, 20 de abril de 2011

CORDEL ENCANTADO: Reflexões novelísticas de um cordelista.

O nome da novela deve se referir ao fato do cordel em parte ser uma narrativa fantasiosa de lendas e histórias como aquela que é mostrada na novela. O sotaque vá lá que seja,dá até pra aceitar, afinal não teria sentido o carioquês e o paulistês dominantes tão bem sonorizados nas demais novelas da vênus platinada.

Interessante mesmo são os tipos físicos de muitos atores, que em nada remetem ao caráter caboclo,mulato e mestiço de um modo geral do povo nordestino, pelo menos os pobres assim o são. Aquele ator que faz o pai adotivo da mocinha, e mais alguns outros, são característicos do ponto de vista da etnia do povo de nossa região.
O resto é branquelo mesmo, coisa existe entre nós com toda certeza, mas não naquela proporção.

Talvez em alguma das micro regiões em que existem contingentes significativos de brancos, onde não houve fenômeno de posse de escravos africanos, assim como pouca miscigenação com indígenas.

Mas como Brogodó é uma fantasia global, a GLOBO tudo pode e sempre fez as coisas em seu padrão estético de valorizar com paradigma de beleza o elemento caucasiano, padrão do qual nunca se afastou, nem dá sinais de se afastar.

No mais os mesmos tipos de sempre: o coronel poderoso dono de tudo, o cangaceiro estereotipado, o beato porra louca que alude ao Antônio Conselheiro.
Talvez Zé Limeira, se fosse vivo(ou alguém pudesse psicografar ele)daria um bom assessor pra dar mais ideias geniais para o autor da novela.

Junta personagens de uma corte europeia de um país fictício, um rei em busca de uma herdeira extraviada em pleno sertão nordestino com seus personagens típicos e estereotipados. Em que circunstâncias uma nobre europeia viria com a mãe aparecer em pleno sertão do nordeste em pleno século XIX ou começo do século XX, onde supostamente dá a entender ser o tempo em que se passa a novela?

Sei lá o que esse povo do PROJAC andou fumando ou cheirando.

Pois é o reino de Seráfia do Norte , o país europeu em questão. O rei vem ao Nordeste em busca de sua filha perdida no nossos sertão. Agora entendi porque Seráfia é o nome do país. Na verdade é uma corruptela de uma frase dita pelo rei ao ver Açucena ,dirá para ela assustado: Será fia?

“Será fia” do rei de Seráfia a nordestina com cara de imigrante italiana da serra gaúcha?

Um verdadeiro samba do afro-descendente portador de doença psíquica.De acordo com a boa norma politicamente correta preconizada pelo sábio Papa Berto I , o pândego.


ALLAN SALES

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