Eduardo Campos, reeleito com o maior percentual de votos do Brasil, governa um estado que tem um crescimento econômico maior do que a média do resto do país. Tem uma base parlamentar favorável,apoio de prefeitos da RMR, aliado da presidenta, a oposição sem força para se interpor entre ele e seus projetos, céu de brigadeiro total.
No campo da cultura teve problemas na FUNDARPE fruto de investigações do TCE, tomou providências, pondo na pasta um nome respeitável e consenso na classe artística para por ordem na casa. Agora vem o carnaval, ele e seus aliados municipais promovem uma série de atrações musicais nada recomendáveis em termos de bom gosto estético, algumas delas, porém festejadas pela mídia fabricante de sucessos de marketing musical, além das atrações nacionais, pagas em valores nunca pagos para as atrações locais.
É claro que eles não estão pensando em agradar à classe média urbana mais culta, que não aprecia esse tipo de atração, classe média bairrista que chega até a chamar de estrangeiros os artistas contratados nesta leva em nome do genérico multiculturalismo criado pelos gestores da cultura. O eleitorado deles são as classe “D”(a turma das bolsas sociais” e a classe “C” (que migrou da classe D e hoje forma a nova classe média consumidora), é pra esses que esse carnaval transgênico deverá ser feito e na certa vai agradar em cheio ao gosto massificado desse povo.
Fizeram esta escolha, os detratores falam em superfaturamento, caixa dois, essas coisas, sempre falarão coisas assim, nada de novo no front. A classe média indignada é dividida, uma parte é e sempre foi demo-tucana não causará baixas eleitorais, a outra parte que simpatizante e eleitora dos cabras, creio que não migrará em peso por causa do carnaval para o lado do povo de Jarbas-Maciel.
Pão e circo meus caros amigos artistas que por hora vão protestando indignados com esse novo feito dos poderosos de plantão. O poder no Brasil, não importa a cor ideológica, sempre tratou artes e artistas de forma ultilitarista, nisso os conservadores e os populistas são iguais, os revolucionários ainda não vi nenhum deles no poder. Quando estavam na baixa nos anos mais duros, eram as atrações culturais que agregavam valor aos comitês e campanhas. Agora perderam a utilidade, já que eles tem poder em todos os níveis, quase hegemônico, não precisam do DNA das raízes para justificar e dignificar as coisas.
A lógica do marketing fala mais alto, cacifes são postos em jogo, já vi esse filme em pequena escala quando um deles, delirando e embriagado pela vitória, teve a brilhante idéia de contratar para as festas de fim de ano Sandy e Junior. O argumento era que as pessoas mais pobres não tinham como assistir a dupla teen no Chevrolet Hall, deve ser a mesma lógica, já que não dá pras classes C e D viajarem pra brincar em Salvador, eles trazem os baianos pra divertir essa gente e ganhar seu suado dinheirinho de nossos impostos.
Mas 2012 está bem perto, tenho certeza que muitos artistas preteridos que hoje protestam irados demais, na certa cortejarão os representantes deles viáveis eleitoralmente para fazer jingles a preços módicos, virar cabos eleitorais, etc. e assim, poder estar perto dos que se sentam à mesa do banquete do poder em busca das suas migalhas, na esperança de um futuro afago da nova casa grande. Esse filme eu já vi antes também.
ALLAN SALES
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